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Enquanto no campo, onde as transformações eram lentas, o abandono<br />

raramente ocorria e os enjeitados acabavam sendo adotados como<br />

'filhos de criação'; na cidade, espaço de aceleradas transformações e<br />

desequilíbrios, não havia lugar para acolher os pobres e dar assistência<br />

ao enorme número de crianças enjeitadas.<br />

A amamentação no seio representará preocupação dos moralistas e médicos no<br />

século XIX e se estenderá pelo século XX. Todavia, no século XVIII, segundo Del Priore<br />

(2009), o aleitamento materno, em destaque o combate às amas de leite, já era uma<br />

constante na literatura de pensadores, moralistas e doutores. Estes atribuem ao leite<br />

qualidades morais que são repassados pela mãe. 4 Lindermann apud Maluf e Mott<br />

(1998, p.387) mostram a ação médica como a função de polícia, condenando as amas<br />

de leite:<br />

2.2 A MULHER CONTIDA<br />

No Brasil do começo do século, condenava-se qualquer alimento que<br />

não o leite materno – tanto pelos nutrientes como porque por meio do<br />

aleitamento a mãe transmitia sua herança moral e o amor materno.<br />

Condenavam-se as amas-de-leite; vistas como agentes de<br />

contaminação, elas poderiam não só trazer doença para dentro de casa,<br />

como causar danos morais e físicos ao bebê. Como garantia foi criado<br />

um serviço de inspeção de boa saúde das amas, Muitas foram<br />

recusadas pelos médicos pois eram portadoras de doenças como<br />

corrimento vaginal, infecção urinária, tuberculose, má qualidade do leite,<br />

anemia, infecção na pele, sífilis, entre outras.<br />

A Igreja exercia controle sobre o comportamento da mulher, antes e depois do<br />

casamento. No matrimônio o controle da Igreja era de promover a contenção do desejo,<br />

a clausura e a submissão da mulher frente ao marido:<br />

Moderação, freio dos sentidos, controle da carne, era o que se esperava<br />

de ambos, pois o ato sexual não se destinava ao prazer, mas à<br />

procriação de filhos. Não que devesse ser evitado. Ao contrário, marido<br />

4 Sobre amamentação infantil, ver nessa tese a seção “CRIANÇA”.<br />

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