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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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Em 1949, os especialistas continuam por atribuir e reforçar a mãe como<br />

referência nos cuidados com a criança e a necessidade de afastá-la dos cuidados de<br />

empregadas. Nesse momento, os especialistas incluem nessa atenção e preocupação,<br />

a justificativa de que o comportamento presente do filho socialmente desajustado em<br />

inconveniências é explicado pelo fato de ser ele entregue aos cuidados de empregadas.<br />

Os especialistas reconhecem que, se os filhos fossem acolhidos por suas ‘educadas’<br />

mães seria diferente.<br />

Os artigos das revistas se revelarão em uma estratégia planejada da classe<br />

médica de policiar essa transição de âmbito privado da família: os cuidados com a<br />

criança que era realizada por outras pessoas, são obrigatoriamente devolvidos agora,<br />

para a mãe. Ela se tornará valorizada aos olhos dos especialistas, particularmente do<br />

médico, sobretudo por se tratar de uma época em que ser mulher e ter uma posição na<br />

sociedade precisava necessariamente casar e ter filhos. Os médicos em seus artigos<br />

estariam preparando essa mulher para a função do matrimônio e sua realização para a<br />

maternidade. Essa tendência de valorização da intimidade e da maternidade como<br />

marca da família burguesa já fora revelada em Kamada (2010). Um processo de<br />

higienização está em curso com as mulheres-mães da elite, diferentemente da política<br />

exercida em relação às mulheres de classe social mais baixa e pobre da população.<br />

Com a missão de casar e ser mãe, com obrigação ‘sagrada’ de garantir a<br />

maternidade, o filho, nessas condições, representa consequência biológica que a<br />

tornará cumpridora da santa missão do casamento. Sua função será a de cuidar, zelar<br />

e responder por tudo que compõe o universo da criança na família; desde a<br />

amamentação aos cuidados com a higiene, às doenças, à organização do espaço, aos<br />

objetos da criança, ao seu sono, à inclusão de outros alimentos, ao distanciamento de<br />

influências ruins de outras pessoas etc. Ser mãe nesse contexto não inclui nenhum<br />

modo de flexibilidade. A rigidez às exigências constantes dos especialistas será<br />

imutável.<br />

Nessas condições, os médicos, ao mesmo tempo em que diz da mulher e mãe<br />

como aquela que assume e cuida de sua cria, não delegando a outras formas de ‘amas’<br />

essa atribuição, despersonificam o que poderia ser e representar características de ser<br />

mãe dentro da cultura das mulheres em seu meio, para que elas assumam a<br />

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