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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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um poder na esfera doméstica aliançada com o médico, transformado agora em um<br />

aliado. Essa aliança é percebida como sendo capaz de abalar a autoridade paterna.<br />

Tanta dedicação dos médicos higienistas é decorrente do descaso que<br />

representava a criança para a família. São várias as possibilidades de compreensão<br />

desse fenômeno. A mortalidade infantil banalizada, famílias em condição de miséria ou<br />

o incômodo dos cuidados infantis, considerados indignos nas famílias de condição<br />

social superior. O primeiro reflexo em relação à mãe, no contexto da família, é o de não<br />

amamentar. Essa postura leva à prática mercenária de amamentação por nutrizes, que<br />

será combatida no século XVIII e se estenderá pelo século seguinte, pelos médicos<br />

higienistas, educadores e moralistas; todavia, serão prioritariamente os médicos que<br />

normatizam o ser mãe, os cuidados como os filhos. Desse modo, o século XVIII, em<br />

sua segunda metade, inicia doutrinação e aprendizagem de ser mãe.<br />

A medicina social lança uma compreensão da criança menos desfavorecida. Na<br />

prática, parece ter atendido mais satisfatoriamente à família burguesa. Essa atenção se<br />

manifestará nas produções de puericultura. Orlandi (1985) explica que o termo<br />

puericultura parece ter sido criado em 1865 pelo médico francês Caron, mas<br />

posteriormente caiu no esquecimento e só foi revivido pelo professor Pinard, em 1900.<br />

Muitas produções são editadas relativas à puericultura. As editadas<br />

anteriormente a 1870 são consideradas pré-científicas; as posteriores a 1885-1890,<br />

com a revolução pasteuriana, não se fundamentam mais na tradição e sim na ciência.<br />

Essas publicações tinham por objetivos-fins adentrar nos lares de famílias de classes<br />

inferiores e dirigir as ordens do que se pode e não se pode fazer.<br />

Nessa época, as cidades cresciam de forma acelerada. Houve um alto índice de<br />

desemprego, tolerância na exploração do trabalho infantil, leis que passam a regular o<br />

trabalho da mulher e da criança, aumento do abandono de crianças. Houve<br />

necessidade de uma intervenção do Estado para conciliar seus interesses, com os<br />

desequilíbrios vivenciados pelas famílias, como uma das inquietudes que<br />

experimentavam a de não ter um modo eficiente de dar destino a seus filhos<br />

adulterinos. Surge desse turbilhão de incômodos familiares com indivíduos que<br />

desejavam descartar e se verem livres; houve o necessário interesse do Estado de se<br />

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