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conferir legitimidade, respeito e aprovação; todavia, era possível encontrar mulheres de<br />

camadas médias e altas nas ruas, contudo não seria possível generalizar esse<br />

comportamento a todas as mulheres. De fato, desde o século XIX eram presenciadas<br />

mulheres da burguesia em “cafés, bailes, teatros e certos acontecimentos da vida<br />

social.” (D’INCAO, 2008, p.228). Essa fração diminuta de mulheres se ocupava, então,<br />

de entretenimentos e desinteressadas do que representasse labor, o que será<br />

amplamente combatido nesse início do século XX, no contexto da mulher da elite, na<br />

objetividade de garantir sua devoção ao lar.<br />

Esse modo como a mulher da elite se inscreve na sociedade a distancia do<br />

almejado lugar destinado a ela; o da maternidade. Como conciliar essa vida social com<br />

a maternidade? O que se observa nesse momento é que não havia uma<br />

universalização dos costumes. A burguesia, motivada pela influência dos valores<br />

trazidos pela Corte de além-mar, seria incentivada a inspirar no seu cotidiano a cultura<br />

e costumes europeus. A burguesia europeia também encontrava em seu meio uma<br />

tradição de distanciamento da mulher mãe, com os cuidados infantis, o que levará uma<br />

política de polícia da família (DANZELOT, 1980). Esses costumes também<br />

influenciariam parte das mulheres da elite e, como modelo, não poderá se estabelecer<br />

na Colônia será preciso que o papel feminino, particularmente na burguesia, se firme no<br />

interior do lar, com os cuidados para com os filhos. Há a necessidade de se valorizar as<br />

ações de uma boa esposa que passa a ser uma boa mãe nos cuidados de sua cria, os<br />

quais, que não raros, era delegado às amas, escravos etc. Esse será o modelo<br />

almejado para a família burguesa, que terá como um empenho significativo,<br />

particularmente, dos médicos, no que será considerada a higienização das famílias.<br />

Esses fatos revelam que ainda não há costume generalizado entre as mulheres,<br />

principalmente da burguesia, de se vincular às atribuições da Igreja relativas a uma vida<br />

mariana. Um processo civilizador (ELIAS, 1990) está em andamento.<br />

De outro lado, encontra-se grande parcela das mulheres vinculadas aos atributos<br />

cristãos e costumes considerados mais arraigados: submissão aos homens, à família, à<br />

sociedade. A presença do conservadorismo era uma realidade presente na maioria dos<br />

lares, o que desperta indignação das mulheres revelada no artigo de Maluf e Mott<br />

(1998, p.171), em que escritoras conclamam as mulheres a serem mulheres:<br />

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