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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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educação escolarizada para as mulheres e que as oligarquias brasileiras rompem aos<br />

poucos com o isolamento das mulheres no mundo do saber. Contudo, essa elite da<br />

sociedade mantinha uma constante inquietação com a educação feminina que, apesar<br />

de evidenciar um sentido de luxo e excentricidade, podia representar uma forma de<br />

ameaça aos valores misogenamente e historicamente construídos de que as mulheres<br />

não se afastassem dos seus desígnios de mãe, o que poderia representar a subversão<br />

do estabelecido para a mulher e seu lugar na esfera doméstica.<br />

Todavia, o governo não criou as escolas. Manoel (1996) constata que os filhos<br />

da oligarquia estudavam em escolas particulares ou com professores em casa<br />

(brasileiros e estrangeiros), devido à exiguidade do currículo, precariedade das<br />

instalações, evitando, assim, a mistura de classes, o baixo nível dos professores. A<br />

concepção de educação feminina era percebida, como vimos, como uma<br />

“excentricidade de endinheirados”. Os mais ricos estudavam em colégios internos. Já<br />

os pobres, que tinham acesso ao ensino público, deparavam-se com as condições mais<br />

adversas:<br />

[...] não dispunha de prédio próprio, e o professor, após a nomeação, era<br />

obrigado a alugar, às suas próprias custas, uma sala para o<br />

funcionamento das aulas e a suprir, de seu próprio bolso, a compra de<br />

material didático (lousa, giz, apagador, lápis etc.) e mesmo providenciar<br />

livros para os alunos. (MANOEL, 1996, p.25).<br />

Em seu estudo, Manoel (1996) reconhece que a oligarquia paulistana no século<br />

XIX, se vincula a esse valor conservador do catolicismo, depositando nele a tarefa de<br />

educar suas filhas. Uma educação com o intuito de estimular valores morais e religiosos<br />

e distinguindo-se da instrução com o propósito de levar os conhecimentos, estes<br />

vinculados a assuntos humanos. Houve por parte dessa educação religiosa,<br />

condenação do ensino laico; este último considerado distanciado na disseminação de<br />

valores tidos como educativos para as meninas que precisavam ser, para os<br />

conservadores cristãos, de preparação e direcionamento para a vida doméstica, para a<br />

maternidade. O ensino laico era entendido como aquele que instrui, mas não educa.<br />

Essa dicotomia entre os ensinos religioso e leigo perdurará ainda por além do século<br />

XIX, estendendo-se até o século XX. “Na verdade, a luta católica para recuperar o<br />

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