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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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As crianças, particularmente as consideradas pobres, parecem coexistir de modo<br />

a não ser distinguidas do universo do mundo adulto. Não há um mundo infantil, não há<br />

deferência a atributos e olhar para o que Silva concebe especificamente como criança.<br />

O que permite transparecer, é a visão de serem cuidadas e viverem como homúnculo.<br />

Deste modo, a insistência da temática de orientação e de instrução das mães nos<br />

cuidados para com os filhos aos poucos se configura como necessária:<br />

236<br />

As crianças pobres aprendem, por sua vez, uma porção de coisas, muito<br />

mais impróprias que os filmes proibidos para elas, porque a vida exige<br />

que essas crianças cresçam em quartos e salas, nos quais a<br />

comunidade se estabelece entre menores e adultos. Os “pequenos”<br />

dormem com os “grandes”, compartilham, como se disse, da vida<br />

destes. Crescem sem saberem que foram crianças. (SILVA, 04/07/40,<br />

p.56).<br />

No empenho de distinguir o mundo adulto do da criança, Silva enfatiza a<br />

distância entre os dois mundos:<br />

Porque a vida da criança não tem nada que ver com a vida dos<br />

“grandes” e a prova disso é que nós, os adultos, não desejamos mais os<br />

”barquinhos a vela, ou os “automóveis de molas”... a não ser em ponto<br />

grande ... de verdade!. (SILVA, 25/01/40, p.24).<br />

O universo que envolve a criança não é, em absoluto, mais importante<br />

do que aquele que ela cria como sendo inteiramente “seu”. As vezes, um<br />

pedaço de pau tem mais valor biológico, digamos assim, que uma<br />

pessoa ou um animal. (SILVA, 25/01/40, p.24).<br />

Esse entendimento do autor parece, todavia, não corresponder à visão de todo<br />

adulto nos cuidados com a criança.<br />

A seguir, é possível deduzir que o cotidiano infantil na escola não representava<br />

um lugar protegido de manifestação da limitada capacidade perceptual da criança frente<br />

ao adulto: “É um regra comezinha da psicologia que os professores esquecem em<br />

detrimento da própria formação da personalidade do estudante, quando o assediam,<br />

lembrando, aos garotos, o compromisso existente entre eles e o colégio, relativamente<br />

às taxas que “ainda não foram pagas.” (SILVA, 19/09/40, p. 56).<br />

A fundamentação dessa destoante relação é explicada pelo autor a partir<br />

do potencial cognitivo e de ingenuidade e pureza da criança, herdeira de um olhar

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