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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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A feminilidade é uma espécie de “infância contínua” que afasta a mulher<br />

do “tipo ideal de raça”. Essa infantilidade biológica traduz-se por uma<br />

fraqueza intelectual; o papel desse ser puramente afetivo é o de esposa<br />

e dona-de-casa; ela não poderia entrar em concorrência com o homem:<br />

“nem a direção nem a educação lhe convêm”. (BEAUVOIR, 1990, p.153,<br />

v.1).<br />

Distanciada de aparecer, de visibilidade, a mulher serve como fundo no destaque<br />

figural em que o homem desponta. A mulher, então, se distancia também da noção de<br />

individualidade por se tornar o outro objeto, uma vez que a noção de humanidade, de<br />

indivíduo é masculina (BEAUVOIR, 1990, v.1 e v.2; MELO, 2008). Essa desigualdade<br />

entre homens e mulheres encontrou respostas no sistema patriarcal; contudo,<br />

historiadoras como Costa, S. (2004b) e Siqueira (2008) levantam o reducionismo desta<br />

escolha paradigmática onde se esconde uma complexidade social.<br />

No Brasil, a noção de patriarcalismo – fortemente tributária das relações<br />

da casa grande e senzala postas pela visão gilbertiana –, por seu grau<br />

de generalização, tem impedido a visibilidade de outras experiências de<br />

famílias, em especial, a de famílias chefiadas por mulheres, uma<br />

regularidade estendida dos tempos coloniais aos dias atuais. (COSTA,<br />

S., 2004b, p.27)<br />

Nesse cenário de estigmatização e exclusão em que a mulher se encontrava, era<br />

possível também visualizar oposição das próprias mulheres a essa condição. Não seria<br />

possível afirmar que diante do poder misógino dos homens, representado por diferentes<br />

setores da sociedade como médicos, juristas, políticos entre outros, não houvesse<br />

resistência. Desde o fim do século XIX e início do século XX, houve grandes<br />

transformações nas metrópoles, transformando-se, além da estrutura física de um<br />

modelo rural para a modernização urbana, também os costumes e valores da<br />

sociedade. A mulher, nesse momento histórico, resiste a ser apropriada pelo mundo<br />

dos homens, alterando a fronteira do que é pertencente ao masculino e o que é do<br />

feminino, criando desestabilização.<br />

No Brasil dos anos trinta, marcado pela crescente urbanização e a<br />

rápida evolução industrial, é possível vislumbrar o surgimento de alguns<br />

elementos que contribuíram para ampliar a visão da mulher<br />

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