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preferíveis os tipos de chocolate com leite (tipo suíço). 4) Os doces,<br />

balas e outros produtos açucarados serão dados geralmente em seguida<br />

a quaisquer das refeições (manhã, almoço, merenda ou jantar) e – este<br />

é um ponto também importante – sem prejuízo do uso suficiente de<br />

frutas e outros alimentos. (MURCE, 17/05/1945, p.41).<br />

No artigo ‘Os melhores alimentos para alimentação infantil’ de Murce,<br />

(21/03/1946), encontramos uma preciosidade em relação a essa e a outras<br />

intervenções médicas nas famílias, a partir de suas orientações, conselhos e<br />

prescrições. Murce explica que a preparação da alimentação da criança não seguia<br />

uma distinção do que os adultos comiam. O que isso significa? Que não há distinção<br />

entre adulto e criança. A alimentação de um parece seguir nos costumes das famílias a<br />

mesma orientação para o outro. Adulto e criança como sendo uma mesma<br />

representação. Essa forma de compreender os costumes da alimentação remonta o<br />

que também foi denunciado no ano de 1940 por Silva nessa mesma revista; segundo<br />

ele, os adultos viam e tratavam a criança de modo semelhante a um adulto, o que<br />

representava conceber a criança como um adulto em miniatura.<br />

Parece estar se delineando com os escritos desses especialistas a intenção de<br />

informar e formar adultos (mães) com uma percepção diferente de suas históricas<br />

concepções construídas sobre a criança. É o saber médico constituindo o nascimento<br />

da criança no Brasil?<br />

Na “Seção Criança” desta tese, já apontávamos que, historicamente, foi sendo<br />

constituída uma tradição em se dar à criança o que comer, e não uma preocupação em<br />

alimentá-la. Como descrito por Del Priore (2006), tão logo os dentes apontavam em<br />

crianças indígenas, africanas ou as nascidas no país, tudo era oferecido como refeição<br />

e em nada se diferindo dos demais membros da família.<br />

Essa visão indistinta da criança em relação ao adulto resultou, desde a<br />

colonização, em inúmeras mortes de crianças, além das epidemias comuns nessa<br />

época e também posteriores a esse tempo, como nos anos de 1940, quando houve<br />

uma mobilização dos médicos em relação a uma prática higienista e de puericultura.<br />

Retornando ao artigo do Murce, (21/03/1946, p.48). verifica-se essa<br />

compreensão do lugar da criança na família no Brasil, a partir da alimentação: “Já se foi<br />

o tempo em que a alimentação da criança era indistintamente preparada à do adulto.”

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