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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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a única via assertiva na sociedade brasileira. Nesse sentido, a mulher só é mulher se<br />

for mãe (obviamente em matrimônio). Considera-se nesse início de século (XX), as<br />

mulheres vinculadas a uma cadeia biológica, presa às gestações, às crianças e à vida<br />

doméstica. Esse parece ser os desígnios atribuídos à mulher da elite.<br />

Há implícito um caráter indissolúvel do matrimônio e com ele as regras de<br />

convivência entre homem e mulher. Estamos diante de um modelo em que a regra do<br />

que se constitui a família era dirigido para todos, mas atende prioritariamente à camada<br />

mais alta da sociedade, a elite. O casamento é utilizado como organizador e<br />

normatizador pelos valores e funções atribuídos de formas distintas para o homem e a<br />

mulher. Suas rígidas e esperadas respostas de comportamento na vida pública e<br />

privada revelam um ideal de família e de visão de homem e mulher de camada social<br />

mais alta. À mãe também cabia a educação dos filhos; seria preciso acompanhá-los<br />

em seus estudos. Obviamente que estaríamos considerando umas poucas mães<br />

letradas, que também eram detentoras de uma boa condição financeira. Os médicos e<br />

religiosos se empenharam em estender esses ideais para as camadas sociais mais<br />

baixas que se comparavam à família burguesa em destempero e desordem em sua<br />

estruturação familiar. É evidente que, para essa camada constituída pela família<br />

burguesa o discurso normatizador da mulher, que é esposa e mãe, se aplica, e não<br />

para as demais classes sociais; afinal, como ser rainha do lar no cortiço? Como arrumar<br />

as crianças para o marido quando muitos lares eram regidos exclusivamente por<br />

mulheres? Quem ajuda essa mulher?<br />

A maioria das mulheres vivia relações conjugais consensuais, sem uma<br />

presença masculina efetiva no lar, ou convivia com companheiros que<br />

não tinham um trabalho nem efetivo nem regular. Juntamente com os<br />

serviços domésticos realizados da maneira mais dura e tradicional,<br />

cuidavam dos filhos e exerciam várias atividades ao mesmo tempo, para<br />

prover a própria subsistência e a da família. Muitas dessas atividades<br />

eram extremamente pesadas, em nada correspondendo à frágil natureza<br />

feminina ensinada pelos médicos e juristas, como a derrubada das<br />

matas, a construção civil, além de outras mais conhecidas, como a<br />

confecção de produtos manufaturados, o pequeno comércio e o<br />

artesanato doméstico. (MALUF; MOTT, 1998, p.400-401).<br />

A mulher, nesse início do século XX, responde e desponta de modo indelével<br />

como casada, mãe e responsável pela harmonia do lar. Houve resistências legais para<br />

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