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As perturbações do sono, particularmente o terror noturno, têm como principal<br />
causa a mãe ameaçadora. Silva considera a seguinte explicação:<br />
233<br />
Entretanto, com as experiências da psicologia e, muito principalmente,<br />
da psicanálise, as crianças, assim perturbadas mostram que são vitimas<br />
de má educação das mães, principalmente, pois, está provado que<br />
certas ideias rejeitadas, temidas, ou não raciocinadas, pelas crianças,<br />
ficam no “subconsciente”, esperando a oportunidade para se manifestar<br />
debaixo de inúmeras formas alucinatórias, quando os nervos se<br />
relaxam, o cérebro repousa ou a instancia do “consciente” adormece. “ai<br />
virão a ser essa ideias. [...] É através desse mesmo “processo<br />
educacional”, que as “ideias traumatizantes” se manifestam, (assim<br />
podemos chamar as que provocam pequeninas alucinações noturnas,<br />
capazes de provocar o “terror” durante o sono). – Menino! Quando seu<br />
pai sair, você vai apanha uma surra, para aprender a me obedecer,<br />
ouviu? Há certas mães que dizem assim: - Eu te esmigalho, menino!<br />
Deixo-te em pedaços! Você não me conhece!... [...] Isto apenas serve de<br />
exemplo, o que não chega a significar coisa alguma, diante da<br />
imaginação das mães em relação às formas de punição com que<br />
pretende, às vezes, “corrigir” os seus fedelhos... Existem ameaças<br />
verdadeiramente burlesca, outras extravagantes, outras ainda<br />
tragicômicas, como por exemplo: - Jogo-te da janela em baixo e dou-te,<br />
em seguida, uma surra. (SILVA, 21/03/40, p.43).<br />
As ameaças de quem deveriam educar e zelar se fazem presentes também nos<br />
castigos físicos, compreendidos por Silva como uma forma da mulher transferir a<br />
agressividade que seria dirigida ao marido, passa a ser desviada à criança, ao filho:<br />
“Certas mães gostam muito de ”bater” nos filhos, sem saberem, talvez, que só o fazem<br />
para espiar as próprias faltas do “papai”, na suposta “culpa” de seus fedelhos... Elas<br />
não podem (ou pelo menos é mais difícil...) vingar-se no pai. Vingam-se então, nos<br />
filhos.” (SILVA, 25/04/40, p.32).<br />
O lar parece mesmo representar um “refúgio num mundo sem coração” (Lasch,<br />
1991), cercado de descontrole por parte de quem deveria garantir o ‘santuário’,<br />
transformando-o em lugar de tirania:<br />
Tomemos, no entanto, por base a “culpa” que os castigos originam<br />
quando as mães têm por hábito punirem os filhos a pretexto de qualquer<br />
coisa ou mesmo sem pretexto algum. Há diversas formas ou<br />
modalidades de castigos que resultam em diversos vícios ou jaças de<br />
caráter. Assim, por exemplo, o celebre puxão de orelhas que torna o<br />
garoto “sem vergonha”, a ponto de, quando comete uma “falta”, correr