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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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Não é a ausência do pênis que provoca o complexo, e sim o conjunto da<br />

situação; a menina não inveja o falo a não ser como símbolo dos<br />

privilégios concedidos aos meninos; o lugar que o pai ocupa na família,<br />

a preponderância universal dos machos, a educação, tudo a confirma na<br />

ideia da superioridade masculina. Mais tarde em suas relações sexuais,<br />

a própria posição do coito, que coloca a mulher embaixo do homem, é<br />

uma nova humilhação. Ela reage por meio de um “protesto viril”: ou<br />

procura masculinizar-se, ou luta contra o homem com armas femininas.<br />

É pela maternidade que ela pode encontrar na criança um equivalente<br />

do pênis. Mas isso supõe que ela começa a aceitar-se integralmente<br />

como mulher e, portanto, que aceita sua inferioridade. Ela é dividida<br />

contra si mesma muito mais profundamente do que o homem.<br />

(BEAUVOIR, 1990, p.70, v.1).<br />

A desigualdade entre homem e mulher esteve justificada e fundada muitas vezes<br />

em uma compreensão biológica alimentada, como afirma Felipe (2003), através de<br />

vários discursos: religiosos, médicos, filosóficos, pedagógicos, literário, etc. Todavia, o<br />

discurso médico procurou, de forma enfática, selar o destino de ser homem e de ser<br />

mulher; redefine os limites do ponderável e do imponderável para a mulher, de modo a<br />

excluí-la de todas as ações que a retirasse da esfera privada do lar (papel de esposa e<br />

mãe), estigmatizando as que insistissem ir na contramão do legitimado discurso<br />

científico norteador da verdade.<br />

Rago E. (2002) esclarece a naturalidade na compreensão desse discurso<br />

encaminhando como destino final para o homem ser provedor e a mulher esposa e<br />

mãe. Desse modo, os médicos ampliam seu poder de ação junto às mulheres,<br />

fortalecendo com o modelo médico papéis de gênero. Essa perspectiva dos papéis<br />

sociais estabelecidos pela visão biológica esteve evidenciada na obra de Fabíola<br />

Rohden, divulgada em artigo de Rago E. (2002, p.513) que reconhece:<br />

As características anatômicas das mulheres as destinariam à<br />

maternidade e não ao exercício de funções públicas. A recusa da<br />

maternidade, vista como a verdadeira essência da mulher, ou da vida<br />

doméstica, era um indício de forte ameaça aos padrões e valores<br />

estabelecidos para o sexo feminino.<br />

Essa perspectiva, em que se coloca a mulher, a impede de coexistir, de alcançar<br />

status de igualdade em relação ao homem. Ela representa uma existência pueril em<br />

que não seria possível reconhecimento e credibilidade.<br />

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