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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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a libertação das crianças do contato físico e moral dessas perigosas influências que são<br />

refletidas em toda e qualquer pessoa que não seja a mãe, e, assim, substituir os<br />

conhecimentos de uma medicina popular para o que consideram a verdadeira medicina.<br />

Uma espoliação da cultura popular da maternidade foi implantada pelos médicos. A<br />

mãe também será alvo de vigilância para não desregrar nos exageros dos contatos com<br />

o próprio filho e de vacilar quanto à rígida disciplina preparada para que ela a execute<br />

no ‘exercício’ da maternidade.<br />

A tese revela o controle médico através de uma medicina de base higienista<br />

onde os cuidados em relação à criação de crianças pelas famílias de classe favorecida<br />

se distanciam das intervenções da medicina em relação às famílias pobres no mesmo<br />

período, em que se buscava a prevenção da miséria, higiene da coletividade, controle<br />

da concepção, prevenção da mortalidade infantil.<br />

No contexto das famílias das mulheres leitoras das revistas pesquisadas, o<br />

controle médico de regulação e tratamento higiênico representou uma verdadeira<br />

educação das famílias, educação das mães, enquadrando-as em contexto de família<br />

nuclear, organizada em consonância com a criança que será o epicentro aglutinador do<br />

núcleo familiar. A mãe é modulada no próprio comportamento, pelo olhar imperativo dos<br />

médicos ao determinar o cumprimento de sua participação na família como auxiliar do<br />

médico nos cuidados com a saúde do filho. Os artigos das revistas Fon Fon, Vamos Ler<br />

e A Cigarra revela então, a medicalização da família burguesa. Não houve coincidência<br />

de que esse modelo fosse constituído no período analisado. Entre os fatores já<br />

elencados, vimos acrescidos o fato de serem constituídos por famílias brancas. As três<br />

revistas exaltam nas diferentes seções e em suas capas, a mulher branca, magra e<br />

vestida de acordo com o corte da costura europeia. Evidenciamos, portanto, o que<br />

Jurandir Freire Costa (1989) já revelara, demonstrando que os médicos, através desse<br />

modelo construído pela higiene, exploravam a superioridade racial e social da<br />

burguesia branca, fazendo com que o cuidado com o corpo constituísse na consciência<br />

da classe burguesa um preconceito racial. As diferentes intervenções dos especialistas<br />

nas revistas Fon Fon, Vamos Ler e A Cigarra constituiu de modo subliminar e também<br />

de forma direta essa compreensão, ao determinar e estabelecer como público alvo as<br />

leitoras e mães que tinham acesso a essa mídia.<br />

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