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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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convivência entre o homem e mulher. Essa verdade vai se constituindo, sobretudo no<br />

sentido de que a mulher tem instituída a função de cuidar dos filhos. Essa será sua<br />

sagrada missão, que a afastará do convívio com o marido em sua dimensão mulher;<br />

estabelecerá outro lugar, o lugar da maternidade. Nesse sentido, talvez não fosse<br />

exagerado afirmar que a mulher deixa de ser mulher com outras atribuições, quando se<br />

torna mãe. Como se sofresse uma mutação, ou se tornasse um “avatar”. A mulher<br />

agora é outro ser, é mãe.<br />

O autor revela ainda que esse novo lugar da mulher, agora mãe, é resultado não<br />

de uma escolha harmônica entre os casais. Esse lugar pode significar ferramenta de<br />

luta da mulher, por sua condição na relação com o marido:<br />

289<br />

Os filhos não devem vir como recurso para remendar a situação de<br />

casais cuja falta de compreensão entre ambos estaria desatando os<br />

laços matrimoniais. Os filhos não devem vir também como impedimento<br />

para a liberdade materna, nem para prender mais o pai ao lar. Os filhos<br />

não devem vir também como motivo de herança garantia de qualquer<br />

outra natureza. (DE LAMARE, Janeiro, 1947, p. 148).<br />

De Lamare revela que a mulher usa essa possibilidade da maternidade como<br />

forma de manipulação na relação com o homem.<br />

Essa tensão entre o casal será também desestimulada pelo Bundesen, na edição<br />

de agosto de 1948. Ao orientar sobre os cuidados em relação à alimentação da criança<br />

subnutrida, esclarece que a atitude dos pais pode contribuir na melhoria do<br />

desenvolvimento da criança:<br />

A harmonia deve reinar absoluta nessas horas, sem discussões entre os<br />

pais, que precisam dispensar um mínimo de atenção as idiossincrasias<br />

da criança. Seja o prato apresentado atraente e as porções de comida<br />

servidas em pequenas quantidades – a criança poderá repetir sempre<br />

que quiser. Se deixar algum resto, não façam comentários.<br />

(BUNDESEN, Agosto, 1948, p. 115).<br />

A referência acima representa um modo de ação como se fosse o policiamento<br />

da família. O médico descreve o comportamento que o casal deve ter para contribuir na<br />

resolução do problema de um filho subnutrido. O médico adentra o espaço privado<br />

descrevendo as atitudes dos pais de concordância ou discordância, a partir de uma

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