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isso, que a fase da garatuja seja sem sentido, como querem muitos psicólogos da<br />

antiga escola, ou que seja apenas movida por meros reflexos de ordem motora.”<br />

(SILVA, 04/04/40, p. 33).<br />

Silva segue catequizando suas leitoras na missão de compreender na prática<br />

como o desenho infantil se constitui com o amadurecimento da criança:<br />

252<br />

As fases do desenho infantil parecem acompanhar todas as etapas do<br />

desenvolvimento psíquico da criança. Vemos primeiramente, o desenho<br />

instintivo, totalmente inconsciente, através das garatujas, tal qual o<br />

período em que ela não sabe ainda falar. Depois, a representação<br />

gráfica das primeiras noções do “eu”, “pintando” apenas a cabeça<br />

humana, ou dos animais. Mais tarde, os troncos e as pernas, como<br />

aquela etapa em que a criança principia a andar. Mais tarde ainda as<br />

características próprias da sua curiosidade e do seu interesse, dando às<br />

figuras atributos especiais e, finalmente, a fase simbólica, propriamente<br />

dita, em que os objetos e coisas já são “censurados” e que, por isso<br />

mesmo, sofrem deformação e disfarces (símbolos sexuais), até o<br />

momento em que a criança entra no período da realidade, ou seja a<br />

passagem do “realismo mental” ao “realismo visual”; ou mais<br />

amplamente, “realismo lógico”, fase em que a criança visa<br />

deliberadamente reproduzir seres e coisa começando por copiá-los.<br />

(SILVA, 04/04/40, p.33).<br />

Na missão de compreender a mente de uma criança como ser distinto do adulto,<br />

Silva recorre também à compreensão do pensamento da criança no sentido e na ideia<br />

do que é Deus. Será o único momento em que se destacará a referência ao pai, isto<br />

porque Deus é concebido como desdobramento do pai no plano terrestre: “O homem<br />

precisa tanto de Deus, como a criança necessita do próprio pai. O pai é um deus<br />

pequenino para o filho pequenino.” (SILVA, 02/05/40, p.42).<br />

É importante atentar para o simbolismo de poder que a palavra Deus remete,<br />

bem como o temor culturalmente instituído na filosofia cristã, em analogia ao que<br />

potencialmente o pai também representa:<br />

Quando somos crianças, repousamos o nosso “eu” naquele que nos<br />

protege, porque todos nós quando pequeninos, temos necessidade de<br />

proteção.<br />

O sentimento de Deus é um desdobramento da figura paterna. Quando<br />

a criança cresce e se desliga da família, por assim dizer, para se<br />

converter em membro da sociedade (ampliação do meio familiar),<br />

quando se emancipa dos pais e se torna independente, transfere então

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