JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

das mães, é o de não perturbar a inclinação, ou tendência da criança.” (SILVA,
29/02/40, p.31).
O peso da responsabilidade materna não encontra dificuldade em sua
complexidade em se tratando de Silva. Ele reforça a ideia dos descontroles da mãe na
constituição do filho; trata-se a ideia do sujeito moldável, do filho dependente do adulto,
da mãe:
CRIANÇA
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Aplique-se este exemplo a outros tantos casos, em que, principalmente
as mães- repetimos – ficam zangadas sem saberem, muitas vezes, que
estão anulando um futuro homem de gênio, ou pelo menos, um homem
útil à coletividade [...]. (SILVA, 29/02/40, p.43).
Um consolo, porém, hão de ter as mães, quando não influíram no
fracasso dos filhos e muita glória há de guardar aquele coração materno
que contribui para a vitória suprema de um grande homem, [...]. (SILVA,
29/02/40, p.43).
A criança, em Vamos Ler, de 1940, não é considerada um adulto em miniatura
por Silva, como é explorado historicamente por Áries (1981), ao contrário, o autor
considera a criança em sua especificidade infantil, e que precisa ser traduzida para os
pais, particularmente para as mães em sua tarefa de educar. Parece existir do outro
lado, o das leitoras mães da revista, o desconhecimento e tratamento indistinto do
adulto:
Julgam algumas pessoas que as crianças raciocinam como os adultos.
Pensam outras que as crianças nem chegam a raciocinar e que
portanto, dando-lhes qualquer resposta em relação às perguntas que
elas fazem, cumprem a missão desejada. (SILVA, 08/08/40, p.56).
Apontava-se como modelo – modelo de educação, a fazer crer um futuro
auspicioso – a criança que cedo se tornava circunspecta, conversava
gravemente com os adultos e talvez fosse capaz de discutir assuntos
bancários, problemas da bolsa ou questões internacionais. [...] Vem,
finalmente, a era da recreação. São os nossos dias. Os estudos da
psicologia desvendaram inúmeras obscuridades da importante fase da
formação psíquica do homem. (KELLY, 11/04/40, p.35).