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também uma posição clara da medicina no final do século XVIII “que incentivava as<br />

mães a criar seus filhos com o leite materno, e afirmava a amamentação como<br />

precondição para um crescimento saudável.” (MAUAD, 2006, p. 161).<br />

Retornando ao tema da mortalidade infantil, Del Priore (2006) cita Gilberto Freire<br />

que se refere a esse tema como presente desde o século XVI ao século XIX. Já no<br />

século XIX alcança níveis de inquietação dos higienistas no Segundo Império. As<br />

hipóteses apontadas para essa mortalidade infantil são discriminadas por Gilberto<br />

Freire a partir dos estudos de José Maria Teixeira “Causas da mortalidade das crianças<br />

no Rio de Janeiro”:<br />

115<br />

[...] abuso de comidas fortes, o vestuário impróprio, o aleitamento<br />

mercenário com amas de leite atingidas por sífilis, boubas e escrófulas,<br />

a falta de tratamento médico quando das moléstias, os vermes, a<br />

“umidade das casas”, o mau tratamento do cordão umbilical, entre<br />

outras que estão presentes até hoje. (DEL PRIORE, 2006, p.92).<br />

No Brasil republicano, a proteção à maternidade e à infância ocupou o centro<br />

das preocupações da sociedade brasileira. Relacionando a importância da<br />

amamentação pela própria parturiente e atribuindo a amamentação mercenária aos<br />

altos índices de mortalidade infantil, os médicos precisavam ‘instruir’ as mães de sua<br />

importância enquanto amamentadoras. Costa, J. (1989) defende a ideia de uma “mãe<br />

higiênica.”<br />

Coube aos médicos sensibilizar, instruir, domesticar, doutrinar a indiferença da<br />

sociedade em relação à alta mortalidade infantil e associá-la à função materna de<br />

promover o aleitamento materno de seu filho. A medicina encontra a mulher como<br />

aliada; a mulher que compõe a burguesia. Ribeiro, P. (2006) considerando os estudos<br />

que configuram a burguesia no Brasil, reconhece sua ascensão no século XVIII e a<br />

consolidação no século XIX. Para esse autor,<br />

A burguesia vai, então, encontrar na medicina o aliado necessário para<br />

propagar suas ideias políticas e sociais. A medicina vai encontrar na<br />

burguesia, essencialmente urbana, o aliado de seu ideal higiênico, que,<br />

por seu turno, interessava ao jovem Estado Brasileiro, ainda em<br />

consolidação. (RIBEIRO, P., 2006, p. 31).

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