23.04.2013 Views

JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O lugar da criança com uma natureza distinta da do adulto está ainda muito<br />

distante de ser alcançada. Como consequência direta de descaso com a criança é a<br />

banalização das mortes infantis. Tanto na Europa como no Brasil, esse será um<br />

fenômeno recorrente em que a medicina social ocupará um papel determinante de<br />

priorizar a criança e mexer na estrutura da família. Badinter (1981) apud Orlandi (1985,<br />

42) observa que: “Não é porque as crianças morriam como moscas que suas mães se<br />

interessavam pouco por elas. Ao contrário, em grande proporção, porque elas não se<br />

interessavam, morriam uma quantidade tão grande de crianças.” Revela também uma<br />

indiferença materna que, para Orlandi, (1985, p. 42) apresenta várias explicações:<br />

113<br />

Uns acreditam que, dada a elevada mortalidade infantil, os pais não<br />

queriam apegar-se aos filhos para não sofrerem com a morte destes.<br />

Outros explicam o fato pela situação sócioeconômica da família, ou<br />

porque os pais eram miseráveis ou porque, ao contrário,dada a elevada<br />

situação social da família, a criança era um estorvo.<br />

No Brasil Colônia, Império e na República, a mortalidade infantil também<br />

representa uma indiferença em relação à criança. Por motivos diversos, mulheres<br />

brancas, escravas e forras apresentam distintas dificuldades em manter o resultado da<br />

reprodução – o filho. Mulheres brancas, influenciadas pelos valores de além-mar, não<br />

cediam à dedicação laboriosa dos cuidados que envolvem uma criança em fase de<br />

amamentar por representar trabalho de escravos; mulheres escravas que reproduziam<br />

no ventre filhos de seus senhores e de negros com quem não poderiam conviver;<br />

mulheres negras que não poderiam amamentar seu filho, para amamentar o de seu<br />

senhor; mulheres negras que veriam comercializado seu filho etc. Não é possível<br />

generalizar uma única explicação ao longo dos séculos, que responda sobre o<br />

distanciamento das mulheres mães em relação à criança.<br />

Orlandi (1985) revelará ainda que essa prática comum se estende pela Europa<br />

também pelo século XIX. As famílias com condições econômicas melhores não se<br />

debruçam nos cuidados com a criança pequena em período de amamentação. Estas<br />

eram enviadas a conviverem na casa de ama-de-leite em seus primeiros anos e, ao<br />

voltarem, ficavam sob os cuidados dos empregados. E por volta dos sete anos saíam<br />

mais uma vez de casa para aprender ofício e ir à escola. Amamentar é um trabalho

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!