JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

5.3 SAÚDE E A CRIANÇA
No Brasil Colônia, a medicina era exercida pela população através dos recursos
naturais, pela tradição de cura dos indígenas e da população africana. Importante
ressaltar que os jesuítas, desde o século XVI, já exerciam influência no exercício da
“arte de curar”. 13 Diversificada, a medicina popular estava vinculada aos cuidados do
espírito e da fé nos cuidados com o corpo.
Schwarcz (1993) denuncia que a medicina em Portugal no século XVIII revelava-
se em um obscurantismo, anacronismo e ineficiência. Já no Brasil Colônia, as
condições se revelaram ainda piores. A medicina foi exercida por práticos considerados
curandeiros de forte influência das tradições indígenas e africanas. Nava (2003)
desvela a carência de médicos nesse período com ascensão de prática curandeiras:
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O surto de curandeirismo observado no Brasil Colônia, como aliás nas
épocas subseqüentes, dependia da falta de médicos no país, fenômeno
decorrente do ambiente ser pouco propício a atrair profissionais capazes
que aqui quisessem vir ganhar a vida e, ainda, das dificuldades
encontradas pelos nacionais em irem estudar na Europa qualquer ramo
superior das arte e das ciências. (NAVA, 2003, p.152).
No Império, com a chegada da família real ao Brasil, viu-se também a vinda de
grande quantidade de portugueses. A saúde da população, na época já deficitária,
agora amplia a necessidade de uma demanda de cuidados que a Colônia não tem. O
imperador cria cursos de medicina e alguns saem do Brasil para estudá-la na Europa. É
proibida a literatura francesa de medicina, que lá despontava já com a pediatria. Há
críticas de que a medicina de Portugal não tem uma conotação científica como a
França; e o Brasil precisava de médicos que pudessem fazer frente em investigação
para tantas e peculiares doenças com que se deparava.
Em 1808, D. João VI cria, a partir da carta régia, dois cursos médicos cirúrgicos.
Assumpção Júnior (1995) revela que por ocasião desses cursos, o atendimento médico
era insuficiente e falho.
13 Sobre a temática dos jesuítas na prática da intervenção “médica” consultar: Calainho (2009), Moisés
(1997), Marques, V. (1999), Carneiro (2002).