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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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pelo momento político de aprimoramento da raça experimentado pela elite brasileira. Dr.<br />

Lombardi (Fon Fon) já explicara da necessidade dos cuidados com “os males que<br />

afligem a espécie humana nos primórdios de sua vida” para garantir o padrão de raça<br />

do povo.<br />

De Lamare (Fon Fon) será impetuoso em seus artigos, a ponto de descrever<br />

como em uma bula de remédio, requintes de detalhes para todas as dificuldades e<br />

comportamentos que a mãe precisa ter para assegurar a saúde da criança. Na análise<br />

dos resultados, comparei-o a uma vovó. Mas uma vovó autorizada em falar pela criança<br />

e também por sua mãe, o que levará a desqualificar e dissuadir a não credibilidade dos<br />

valores historicamente construídos pela tradição das mulheres mais velhas.<br />

Uma herança médica que será estabelecida por esses especialistas que<br />

escreviam para essas revistas, é o uso indiscriminado de medicamento pelo público<br />

leigo, particularmente as mães ao medicarem seus filhos. Os médicos descrevem os<br />

tratamentos para diferentes enfermidades, sendo possível testemunhar em algumas<br />

delas a descrição do que e de como usar a medicação. No ano de 1950 é que há de<br />

modo explícito referência ao uso indevido de medicação por parte das mães. O autor,<br />

Gudel (Fon Fon) explicita que as mães entre outros fatores são influenciada nas<br />

“revistas de divulgação popular” na automedicação. Esse hábito constituído foi de fato<br />

construído na divulgação do uso de medicamentos, a serem ofertados às crianças<br />

nesses anos através das seções para as mães.<br />

A presença dos médicos e suas prescrições revelam que as mães não poderiam<br />

descuidar e/ou não tinham as competências necessárias à maternidade. Eles julgam as<br />

mães como incapazes de proteger a criança da mortalidade infantil que se fazia<br />

eminente entre as crianças recém-nascidas até o primeiro ano de vida, nesse período.<br />

Com essa justificativa, implicitamente encenada, veremos os médicos e especialistas<br />

repassando o que consideram verdades sobre a criança, particularmente o bebê, para<br />

educar as mães, uma postura ambivalente em que se fala da e sobre a criança, mas,<br />

tem como ambição a consolidação de um ideal de mulher.<br />

Esse descrédito em relação à mãe e seus conhecimentos sobre sua cria<br />

esbarrará também no descrédito em relação a todas as mulheres mais velhas, avós,<br />

parentas, vizinhas ou qualquer outro ator social que não corresponda à medicina.<br />

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