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sobre ela que remonta do século XVI como descrito nas obras de Áries (1981) e<br />

Badinter (1985).<br />

A criança é compreendida como uma tábula rasa e, como tal, é sujeita a toda<br />

sorte ou azar de impressões e marcas a serem conquistadas e outras a serem evitadas.<br />

237<br />

[...], basta pensar nas crianças, sujeitas ao mesmo teto, almas a<br />

princípio indefesas, desavisada, desprevenidas, cérebro de cera virgem,<br />

no qual vão se modelando todas as imagens da vida! (SILVA, 18/04/40,<br />

p.12).<br />

Elas nascem puras, mas desde logo a tornamos impuras, indo de<br />

encontro as leis naturais dos instintos, embaraçando-as no seu<br />

desenvolvimento normal, ou pervertendo-as. (SILVA, 06/06/40, p. 61).<br />

Os professores, em geral, são dominadores. O hábito de ensinar, de<br />

sentir uma porção de almas, virgens como a cera virgem, à espera da<br />

modelagem que depende unicamente das suas próprias mãos, cria, no<br />

espírito dos mestres, um “complexo de superioridade”, o qual, projetado<br />

fora da aula, é contraproducente. (SILVA, 26/09/40, p. 57).<br />

A mente infantil é, pois, considerada modelável nas mãos do adulto, diante de<br />

sua pureza a ser cuidada. Ser desprotegido e sujeito à influência do meio. Silva define<br />

como período mais suscetível a essa possibilidade de formar a alma infantil até a idade<br />

de 5 anos: “É durante a primeira fase do desenvolvimento infantil, isto é, até os cinco<br />

anos de idade, justamente, que as impressões se plasmam, com maior facilidade, no<br />

espírito da criança.” (SILVA. 28/03/40, p. 29).<br />

Outra característica que envolve a compreensão do pensamento da criança é a<br />

crença de que a precocidade das aquisições cognitivas leva ao esgotamento do<br />

potencial de inteligência. Concebe-se a inteligência como algo finito. Desse modo, é<br />

preciso não forçar o pensamento da criança, ao mesmo tempo em que é compreendido<br />

que a criança que tem seu pensamento adiantado precocemente em relação aos seus<br />

pares pode estar comprometida: “[...] poucos homens sabem que o cérebro de uma<br />

criança precisa de repouso para o seu desenvolvimento e que a inteligência se esgota<br />

mais facilmente quanto mais precocemente é estimulada. [...] É preferível, como veem,<br />

não serem os nossos filhos “meninos prodígios” [...].” (SILVA, 08/02/40, p.21).<br />

A indistinta compreensão entre adulto e criança pode ser reveladora do<br />

distanciamento físico entre eles. Para o autor, a criança não deve ser objeto de

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