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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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manancial cultural que envolve as tradições indígenas, africanas e européias. Nesse<br />

contexto, o que era comum, é a mulher entregar seu corpo para as parturientas<br />

denominadas “aparadeiras e comadres”, não só para os cuidados com a gravidez e<br />

parto, como também para os destinos a serem determinados para as crianças. Os<br />

médicos procurariam, ao longo do século XIX e início do século XX, ocupar esse<br />

espaço. Eles tinham como meta trazer para si o controle e o conhecimento e domínio<br />

sobre o corpo da mulher.<br />

Será preciso, então, encontrar e fortalecer um lugar para esse corpo e<br />

concomitantemente se apropriar desse corpo. A mulher precisa então ser casada, do<br />

lar. Nesse recanto protetor, o médico se empenhará a adentrar, dirigir e conduzir a<br />

mulher do lar com regras e normas. É possível perceber que há uma transição<br />

ocorrendo no patriarcalismo sob a tutela do médico na família. A intenção é que o<br />

médico, e não o marido, distribua as ações. Todavia, os médicos precisarão ainda de<br />

mais tempo no sentido de ver realizado seu projeto de mudanças de mentalidades. Os<br />

valores e comportamentos serão revistos e referendados com práticas que, aos poucos,<br />

vão sendo incorporadas como adequadas à mulher ‘verdadeira’ (conforme o<br />

estabelecido pela medicina).<br />

Brenes (1991) retrata bem essa ideia ao apresentar o esforço que existiu por<br />

parte dos médicos em construir uma imagem que inspirasse segurança junto à<br />

população. Com dificuldades nesse encontro com as mulheres, foi preciso que eles<br />

criassem um novo papel da mulher na sociedade; uma mulher com destaque e<br />

visibilidade. O lugar escolhido para ela foi o lar e a família. Ela agora é reconhecida e<br />

valorada por ser esposa e mãe. Esses são seus desígnios ‘naturais’ constituídos e<br />

reconhecidos pela medicina. Nasce o ‘mito do amor materno’, a ‘mãe dedicada’, a<br />

‘rainha do lar’ e a ‘boa esposa’.<br />

Todo esse esforço não será em vão; os médicos irão até o final do século XIX<br />

prevalecer sobre a população feminina suas verdades e conceitos. A mulher detentora<br />

dessa investida se tornará controlada e sua vida regulada pela ciência médica. Essa<br />

intervenção não significará necessariamente para a mulher uma relação de prazer e<br />

visibilidade de seu próprio sentido; aliás, os sentidos serão compreendidos por aquele<br />

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