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Del Priore (2006, p. 84) explica que havia poucas palavras para definir criança no<br />

passado: “[...] “Meúdos”, “ingênuos”, “infantes” são expressões com as quais nos<br />

deparamos nos documentos referentes à vida social na América portuguesa”.<br />

Mattoso (1991), em seu artigo sobre o “Filho da Escrava”, considera duas idades:<br />

de zero aos sete para oito anos, e dos sete para os oito anos até os doze anos de<br />

idade. Na primeira, consideradas crianças novas sem desempenho de atividades do<br />

tipo econômico; e na segunda, não são mais reconhecidas como crianças e passam a<br />

entrar no mundo dos adultos, na qualidade de aprendiz. A autora explica que essas<br />

idades são referendadas por inventários, testamentos e cartas de alforria, e considera<br />

como mais relevantes os documentos oficiais e eclesiásticos:<br />

É por demais conhecido que, para a Igreja, a idade de razão de todo<br />

cristão jovem situa-se aos 7 anos de idade, idade de consciência e de<br />

responsabilidade. Para a Igreja, aos sete anos a criança adquire foro de<br />

adulto: de ingênuo torna-se alma de confissão. Por sua vez, na sua<br />

parte de direito civil, O Código Filipino mantido em vigor durante todo o<br />

século XIX, fixava a maioridade aos 12 anos para as meninas, e aos 14<br />

anos para os meninos. (MATTOSO, 1991, p. 80).<br />

Nizza da Silva (1993), ao debruçar-se na historiografia da criança no período<br />

colonial no Brasil, depara-se com a difícil constatação da limitação de dados sobre a<br />

criança em documentação escrita. Relembra que o analfabetismo das mães cerceia a<br />

possibilidade de registros por carta ou memórias que retratassem a infância. Do<br />

conjunto de fragmentos históricos que essa historiadora reuniu apresenta a seguinte<br />

compreensão da criança por sua idade:<br />

Do nascimento até aos 3 anos de idade, temos uma primeira infância<br />

caracterizada apenas biologicamente pelo facto de a criança ser<br />

alimentada com leite humano, da mãe ou de ama; dos 4 aos 7 anos<br />

decorre uma segunda fase da infância em que a criança acompanha a<br />

vida do adulto sem nada lhe ser exigido em troca, nem trabalho,nem<br />

cumprimento dos deveres religiosos, nem estudo. Depois dos 7 anos,<br />

o menino podia freqüentar a Aula Régia de primeiras letras ou ir<br />

trabalhar à soldada em casa de alguém ao mesmo tempo que aprendia<br />

um ofício. Quanto à menina, certamente começava a ajudar nas lides<br />

domésticas, podia aprender a costurar e bordar e raramente tinha em<br />

casa algum clérigo ou preceptor que lhe ensinasse a ler, escrever e<br />

contar. Apesar de se dedicarem a actividades diferentes, as crianças de<br />

ambos os sexos eram, a partir daquela faixa etária, obrigadas a cumprir<br />

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