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JOÃO GUILHERME RODRIGUES MENDONÇA - Home - Unesp

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Del Priore (2006) observa que as crianças indígenas, africanas ou as nascidas<br />

no país, ao se tornarem visíveis os dentes, praticamente comiam de tudo, participando<br />

das refeições comuns à família.<br />

A autora apresenta, ainda, que não existisse preocupação em alimentar e, sim,<br />

de dar à criança o que comer; era indiferenciada a alimentação infantil da do adulto; o<br />

que comprometerá também muitas vidas infantis pela imaturidade do seu pequeno<br />

organismo. Esse comportamento alimentar vai resultar na morte de inúmeras crianças,<br />

somando-se as epidemias comuns na época da colonização e também posteriores a<br />

esse tempo. O aleitamento no peito, o uso do leite de cabra (considerado um<br />

fortificante) e o leite de vaca, eram práticas comuns. Del Priore (2006, p.88) explica que<br />

as famílias de posse, no início do século XIX, quando faltava “leite à mãe, alugava-se<br />

uma ama de leite negra”.<br />

Na Europa, em meados do século XVIII, as mães eram vistas como “máquinas<br />

reprodutoras” (DANZELOT, 1980), e se disseminou em todas as classes sociais, o que,<br />

em séculos anteriores, se restringia à aristocracia recorrer-se a nutrizes. Essa prática se<br />

revelou em encaminhar as crianças para casas dessas mulheres que ‘reproduziram’ e,<br />

portanto aptas a amamentar.<br />

A condição social e econômica da família da criança a ser cuidada e alimentada<br />

(amamentada) é que vai determinar um lugar mais distante ou mais próximo para se<br />

encaminhar a criança; ou a nutriz vai morar com a família; escolha de uma nutriz com<br />

condição física e saúde melhor etc. Essa prática revelará ainda que essa mulher nutriz,<br />

pobre, na maioria das vezes desnutridas e com a necessidade de ampliação de<br />

recursos, vai favorecer todo tipo de descalabros com a criança sob seus cuidados.<br />

Orlandi (1985, p.39) retrata essa circunstância do seguinte modo:<br />

112<br />

[...] as crianças, então, ficavam abandonadas, submersa nas próprias<br />

fezes e devoradas pelos mosquitos. Complementavam a amamentação<br />

com pedaços de pão umedecidos e amolecidos na boca. Somando-se a<br />

isso tudo, ainda havia as práticas homicidas, como a administração de<br />

narcóticos para que a criança dormisse e deixasse a nutriz em paz. O<br />

mais comum era o uso do láudano e da aguardente, e muitas crianças<br />

faleciam com doses excessivas.

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