avaliação de uma proposta de mudança curricular no colégio pedro ii

Ainda para Frigotto et al. (2005), o ensino médio é a maior expressão deste dualismo, sendo o
nível que mais evidencia a contradição entre capital e trabalho. Tanto que, apenas a partir da
década de 40 do século XX, é que o analfabetismo tornou-se uma real preocupação das elites
intelectuais e a educação se tornou objeto de política do Estado. O conjunto das Leis
Orgânicas, então promulgadas, manteve duas estruturas educacionais paralelas e
independentes: o ensino secundário e o ensino profissional, este último composto pelo ensino
técnico e pelo ensino normal. Somente com a LDB de 1961 tornaram-se equivalentes quanto
à possibilidade de acesso ao curso superior.
Apesar da inoperância da obrigatoriedade da profissionalização na LDB de 1971, esta poderia
pressupor a superação do dualismo; neste sentido, tem-se um retrocesso com a promulgação
da Lei nº 7.044/82, por pressões sociais e políticas, já que se restabeleceu a cisão no plano dos
valores e dos conteúdos da formação (FRIGOTTO et al., 2005).
Santos (2006), numa análise dos textos produzidos para divulgação das atuais reformas do
MEC no nível médio, vai mais além em sua crítica quanto à atual concepção deste nível de
ensino; afirma que “o discurso em torno do ‘novo ensino médio’, além de reeditar muitos dos
invólucros pedagógicos dualistas, presentes na história da educação no escravismo, no
feudalismo e no capitalismo, em muito lembra os projetos da Idade Moderna [...] sob a forma
de propostas de ‘preparação dos pobres ou na reeducação dos delinqüentes’”.
1.4.1. Constituição do Ensino Profissionalizante: Escolas Normais e Liceus
Historicamente, malgrado não responderem de forma plena às aspirações das classes
populares e de regiões distantes da capital, a oferta de escolas normais e dos Liceus de Artes e
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