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Apresentação - BVS Ministério da Saúde

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– 18 –<br />

Mesmo os médicos, muito depois de Anchieta, empregavam o<br />

têrmo lepra, para designar moléstias, que na<strong>da</strong> tinham que ver com a<br />

ver<strong>da</strong>deira lepra, moléstia causa<strong>da</strong> pelo bacilo de Hansen. Assim é, que o<br />

grande médico José Pinto de Azeredo, citado por Maurano, define em seu<br />

“Lexicon”, ain<strong>da</strong> inédito, existente no Instituto Histórico e Geográfico<br />

Brasileiro, a lepra como “pele áspera com crostas brancas, furfuráceas, e<br />

greta<strong>da</strong>, e algumas vêzes pruriginosa”, o que não é leprose, como hoje a<br />

conhecemos.<br />

Mesmo posteriormente, o grande Bernardino Antônio Gomes (1) no<br />

seu interessante ensaio dermográfico não confere à lepra o significado que<br />

hoje tem. Nesta obra, lepra é elefantiase dos gregos.<br />

No Paraguai, onde o guarani é ain<strong>da</strong> falado pelo povo, informounos<br />

o Prof. Recalde, profundo conhecedor do idioma, que a lepra é<br />

chama<strong>da</strong> de “mbá asy vai” isto é “doença feia”, denominação não<br />

específica dessa moléstia, não passando de um neologismo criado para<br />

designar uma moléstia que os ameríndios antes não conheciam.<br />

Contudo, êsse não é o único argumento a favor <strong>da</strong> ausência de<br />

lepra entre os índios. O testemunho dos primeiros advenas, entre os quais<br />

cronistas e sacerdotes de reconhecido valor e a quem não faltava o<br />

espírito de observação, como provam seus escritos, é de suma<br />

importância.<br />

Antes <strong>da</strong> descoberta, o Brasil era uma terra lendária e é natural que<br />

ao chegarem, os recém-vindos tivessem curiosi<strong>da</strong>de de verificar a<br />

reali<strong>da</strong>de do que se imaginava a respeito de suas coisas e habitantes. Se<br />

acaso vissem leprosos, tê-los-iam registrado <strong>da</strong>do o impressionante facies<br />

leonino. No entanto, a moléstia jamais foi descrita pelos navegadores ou<br />

pelos padres que vieram catequizar os selvícolas.<br />

Haviam contudo observado que “esta terra era muito sã para ser<br />

habita<strong>da</strong>, e mesmo a melhor que se podia achar”. Nunca haviam ouvido<br />

dizer que alguém morresse de febre. Seus habitantes morriam, “sómente<br />

de velhice”. (Padre Manoel <strong>da</strong> Nóbrega, citação de Maurano).<br />

“Os habitantes eram limpos, robustos e formosos como melhor não<br />

podiam ser”. (Pero Vaz de Caminha, citação de F. Maurano). As<br />

moléstias existentes, como por exemplo a bouba, eram menciona<strong>da</strong>s. Não<br />

se referiam à lepra e quando o faziam, era apenas para comparação. É o<br />

que se depreende de Vespúcio, Gan<strong>da</strong>vo, Gabriel Soares de Souza, Lery,<br />

Evreux, Thevet, Laet, Lafitau, Abbeville, Stade, citados por Maurano.<br />

Êste fato foi também confirmado pela Comissão

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