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Apresentação - BVS Ministério da Saúde

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– 69 –<br />

Esmolavam os doentes de lepra tanto nas ci<strong>da</strong>des, em pontos de<br />

grande movimento, às portas <strong>da</strong>s igrejas, dos cemitérios, como nos<br />

mercados e estra<strong>da</strong>s. (1) .<br />

Onde os leprosos tomaram hábitos particularmente típicos foi no<br />

Estado de São Paulo e nos Estados limítrofes.<br />

Quem viveu em alguma ci<strong>da</strong>de do Estado de S. Paulo ou Minas<br />

deve lembrar-se ain<strong>da</strong> <strong>da</strong>s turbas repugnantes de doentes mutilados ou<br />

deformados, irmanados pela desgraça comum e que, montados sôbre<br />

magras alimarias, iam ron<strong>da</strong>ndo de casa em casa, de ci<strong>da</strong>de em ci<strong>da</strong>de, à<br />

procura do pão quotidiano com a esmola pública.<br />

Pelas ruas <strong>da</strong>s vilas e nas estra<strong>da</strong>s, aos domingos e dias santos, eis<br />

como o major coman<strong>da</strong>nte de Bragança os via, em bandos, já em 1822,<br />

nessa vila “a pedirem esmolas”, e o povo “falto de reflexão” os deixava<br />

entrar pelas suas casas e muito principalmente nas ven<strong>da</strong>s e “Cazas de<br />

mulheres fadistas”. (*) .<br />

Proviam-se, a miudo de uma caneca, em que bebiam e usavam<br />

para recolher as moe<strong>da</strong>s que os vian<strong>da</strong>ntes lhes <strong>da</strong>vam. Freqüente era<br />

também vê-los, como na I<strong>da</strong>de Média, de bordão, apontando nas ven<strong>da</strong>s<br />

as mercâncias que desejavam comprar. Tal era o pavor, que a esmola lhes<br />

era joga<strong>da</strong> à distância.<br />

Êsses leprosos ambulantes adquiriam certos hábitos peculiares aos<br />

ciganos. Berganhavam seus animais, utensílios, roupas, e não raras vêzes,<br />

até mulheres. Amasiavam-se freqüentemente com mulheres doentes e<br />

mesmo com sãs. Estas, via de regra, acompanhavam seus maridos nas<br />

peregrinações intermináveis. (1) .<br />

Os leprosos em bandos acorriam às grandes festas religiosas que se<br />

realizavam no Interior do Estado. Pirapóra, no Estado de São Paulo, pelo<br />

seu célebre santuario, era o maior centro de atração dêsses infelizes, a<br />

ponto de celebrizar-se neste particular. Os doentes vinham de todos os<br />

recantos do Estado e mesmo de Minas Gerais, depois de longas travessias,<br />

abarracavam-se alí, superando às vezes, em número, a mais de uma<br />

centena. Formavam um, dois, ou mais arranchamentos. Ficavam de<br />

distância em distância, pela estra<strong>da</strong>, à espera <strong>da</strong>s esmolas dos romeiros e,<br />

à passagem dos<br />

__________________<br />

(*) Documento inédito publicado por F. MAURANO, em História <strong>da</strong> Lepra em S.<br />

Paulo. Op. cit., pág. 176.

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