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Apresentação - BVS Ministério da Saúde

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– 76 –<br />

mos mais usados em todo o Brasil. Aqui nunca se usaram as<br />

denominações <strong>da</strong><strong>da</strong>s em Portugal a êsses doentes, de gafos, e a doença de<br />

gafeira.<br />

O povo acreditava no efeito de certas ervas medicinais, bulbos ou<br />

frutos como por exemplo o an<strong>da</strong>uçú, a sapucainha, o inhame, o cajú, etc.<br />

A respeito dos doentes de lepra correm certas len<strong>da</strong>s em nosso<br />

país. Uma delas, atribui<strong>da</strong> aos próprios doentes, refere-se à suposição <strong>da</strong><br />

cura <strong>da</strong> molestia, desde que ela seja transmiti<strong>da</strong> a sete pessoas. Na China<br />

existe uma crença semelhante, motivo por que as mulheres leprosas<br />

chinesas recorrem à prostituição para conseguir a sua cura.<br />

Conta-se em S. Paulo, e GRAÇA ARANHA registra na sua "Viagem<br />

Maravilhosa", que os leprosos, certa feita, invadiram uma ci<strong>da</strong>de do norte<br />

do Estado, penetraram nos cafés, hoteis, cinemas, procurando passar o<br />

mal à população. Esta reagiu à bala e os leprosos morreram ou<br />

deban<strong>da</strong>ram. Na estra<strong>da</strong>, encontraram uma criança na porta de uma casa,<br />

avançaram para ela e cairam-se de denta<strong>da</strong>s, até sangrar e esfregaram nas<br />

feri<strong>da</strong>s as suas chagas...", ou que "os leprosos fingindo-se mortos na<br />

estra<strong>da</strong>, esperavam que os viajantes descessem para verificar, e os outros<br />

escondidos no mato avançariam para passar-lhes o mal".<br />

Evidentemente exagera<strong>da</strong>s, estas passagens não são admissiveis,<br />

julgando-se a impossibili<strong>da</strong>de de um grupo de doentes praticar tais atos<br />

em ci<strong>da</strong>des devi<strong>da</strong>mente policia<strong>da</strong>s e em que êles não representariam uma<br />

força para se contra-pôr à grande maioria <strong>da</strong> população.<br />

Outra len<strong>da</strong> é que os doentes de lepra proferem anátemas eficazes,<br />

por exemplo, o que deseja ver a propria moléstia no seu antagonista. (1) .<br />

7. A vi<strong>da</strong> a que os doentes de lepra eram obrigados a levar e os<br />

costumes que adquiriam evidenciam que êstes infelizes, mais do que<br />

doentes, constituiam uma classe ou casta social posta à margem <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong>de. Mas felizmente, as idéias científicas e sociais vão se<br />

modificando. A lepra, desde a época pasteuriana, com a descoberta do seu<br />

agente causal, e com os melhores conhecimentos <strong>da</strong> sua patologia,<br />

começou a ser trata<strong>da</strong> tão só como moléstia. Assim, foi-se libertando esta<br />

classe tão infeliz do aspecto mais cruel de sua desdita, que é o estigma<br />

social, a que estavam submetidos desde as mais remotas éras.

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