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Apresentação - BVS Ministério da Saúde

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– 75 –<br />

parte <strong>da</strong> giria <strong>da</strong>s classes postas à margem <strong>da</strong> lei, tal a dos<br />

delinqüentes.<br />

Alguns vocábulos de nossa lingua parecem guar<strong>da</strong>r tal<br />

origem. E' o caso de “malandro” que por sua vez se origina do<br />

italiano “malandrino” e do francês “malandrin” que tinha o sentido<br />

de “voleur” <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de média. Os doentes chamavam-se<br />

“malandriosi”. Por aí se vê a ligação entre êstes termos que<br />

reconhecem origem única quanto à forma e ao significado que se<br />

modificou, sem perder o carater pejorativo <strong>da</strong> expressão.<br />

Entre nós parece que se deu o contrário. Enquanto que na<br />

Europa os vocábulos destinados aos leprosos passaram a ser<br />

usados como significado pejorativo e mais amplo, perdendo<br />

mesmo seu significado inicial, como no caso de “lazzarone” e<br />

“cafone” na Italia; (o primeiro, aumentativo de “lazzaro” no<br />

significado de indivíduo <strong>da</strong> populaça e o segundo também<br />

aumentativo de “cafo” no significado de gente grosseira, do<br />

campo, ambas as palavras originais significando leproso), no<br />

Brasil, o vocábulo “camunhengue” com o significado paulista de<br />

morfético, parece derivado do afro-negrismo “camumbembe” que<br />

no nordeste significa, indivíduo <strong>da</strong> ralé do povo, homem de ínfima<br />

condição.<br />

O mesmo acontece com o vocábulo “jarerê”,<br />

provàvelmente do tupi-guarani “jarê”, sujeira, especialmente <strong>da</strong>s<br />

pessoas e animais, segundo RECALDE. A. DA SILVA encontrou êste<br />

vocábulo com a acepção de moléstia cutânea que deixa a pele<br />

encaroça<strong>da</strong> e vermelha e que pode ser “miudo” e “graudo” ou “dos<br />

brabos”.<br />

E' curioso, e parece que vocábulos doutos, de significado<br />

amplo, passaram a ser usados, com corruptela, a designar êsses<br />

doentes. A expressão “macuteno”, usa<strong>da</strong> em Minas e São Paulo,<br />

deve provir de mal cutâneo e “estributo” ou “estributado” de<br />

escorbuto, ou escorbutado ou mesmo – o male – de mal, moléstia.<br />

O povo conhecendo a moléstia pela experiência deriva<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

observação freqüente dos casos, pelo menos dos mais notáveis, procurava<br />

explicá-la atribuindo-a ao uso de certos alimentos existentes com fartura<br />

nos logares onde a endemia grassava. Assim incriminava-se a carne de<br />

porco, o pinhão, em Minas Gerais; o peixe, o mel, certas frutas –<br />

sapucaias, bananas e o caraguatá, em outros lugares.<br />

A moléstia era conheci<strong>da</strong> como morféa e os doentes eram<br />

chamados de morf éticos, lazaros ou lazarentos, os têr-

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