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Apresentação - BVS Ministério da Saúde

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– 20 –<br />

infiéis durante as viagens de comércio entre os povos africanos, levavamlhes<br />

também, quando leprosos, a moléstia de que eram portadores.<br />

O Sudão fortemente islamizado, é a prova do contato com os<br />

africanos do norte, onde a lepra é antiga. Dêste país provieram muitos<br />

escravos para o Brasil, especialmente para a Bahia, onde continuavam não<br />

poucos a professar a religião de Maomé e eram chamados de “mussulmi”.<br />

(1)<br />

Vinham porém, escravos negros de todos os pontos <strong>da</strong> Costa <strong>da</strong><br />

África, ocidente e oriente, onde a lepra parece não ter existido ou era de<br />

introdução recente. (1)<br />

Seja como fôr, o argumento mais importante que se pode talvez<br />

opôr à crença <strong>da</strong> introdução <strong>da</strong> lepra pelos africanos no Brasil é o de<br />

serem êstes escravos de difícil introdução, particularmente quando<br />

doentes <strong>da</strong> pele. Ninguém, quando se tratava do próprio interêsse, haveria<br />

de aceitar em sua lavoura, engenho ou casa, um escravo em que a lepra se<br />

manifestasse, ao menos abertamente. Os compradores de escravos tinham<br />

experiência a respeito <strong>da</strong> sua quali<strong>da</strong>de, como acontece hoje com os que<br />

negociam com animais. Examinavam-nos, nos pontos que eram expostos<br />

à ven<strong>da</strong>, parte por parte, e rigorosamente a pele, para verificar se êles<br />

estavam ou não atacados de males incuráveis. (1)<br />

Tal como hoje existem manuais para tratamento <strong>da</strong>s moléstias do<br />

gado ou aves, havia-os para as enfermi<strong>da</strong>des dos negros. Por êles podiamse<br />

conhecer os defeitos dos negros de todos os países a fim de os recusar.<br />

Entre outras coisas, a pele devia ser lisa, não oleosa, de uma bela côr<br />

preta, isenta de manchas, de cicatrizes, e de odor demasiado forte. (1)<br />

Também médicos militares examinavam, a bordo, os escravos para<br />

permitir-lhes o desembarque, como atestam alguns documentos dos<br />

princípios do século XIX em Santos. (1)<br />

Submetidos os negros a duras contingências e trabalhos, é de se<br />

crer que êsse fato permitisse maiores facili<strong>da</strong>des de alastramento do mal.<br />

Ou, então, é possível que a observação sôbre a extensão <strong>da</strong> lepra entre<br />

êles, não passasse de mera impressão. Em ver<strong>da</strong>de, verifica<strong>da</strong> a moléstia,<br />

os negros escravos eram abandonados à sua sorte, pois aos amos, não<br />

convinha tão perigosos serviçais. Não lhes restava mais, que recorrer à<br />

esmola, <strong>da</strong>ndo assim a impressão de que a moléstia era comum entre êles.<br />

3. Há mais concordância entre os autores, em atribuir a<br />

introdução <strong>da</strong> lepra pelos portuguêses. Um médico português afirma sem<br />

rebuços em sua tése, que hoje, não restam

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