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DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

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No meio do caminho: recepção, apropriação e metáfora ___________________________________ Letícia Malard 105<br />

a pedra no caminho, sugerindo que as estradas <strong>de</strong> Itabira ou do Rio são<br />

mal calçadas, para <strong>de</strong>sgosto das duas prefeituras. 5<br />

– Maércio – ao afirmar que todo o mundo encontra pedras no<br />

caminho e dá topadas, exceto, talvez, os aviadores, o que, aliás, não<br />

impe<strong>de</strong> que caiam sobre elas <strong>de</strong> cabeça para baixo. 6<br />

O poema também foi parodiado. Veja-se o exemplo <strong>de</strong>sse autor<br />

anônimo, caracterizado pelo grotesco que beira o escatológico:<br />

“Todo o mundo tem uma pedra <strong>de</strong>baixo do pé<br />

Debaixo do pé todo o mundo tem uma pedra<br />

Todo o mundo tem uma pedra <strong>de</strong>baixo do pé<br />

Entre a meia <strong>de</strong> seda almofadinha<br />

E a sola do pé cheia <strong>de</strong> chulé<br />

Nunca havemos <strong>de</strong> nos esquecer <strong>de</strong>ssa pedra sovela<strong>de</strong>ira<br />

Que fica <strong>de</strong>baixo do pé<br />

Entre a meia <strong>de</strong> seda almofadinha<br />

E a sola do pé cheia <strong>de</strong> chulé<br />

Todo o mundo tem uma pedrinha <strong>de</strong>baixo do pé.” 7<br />

Entre os elogios recebidos, <strong>de</strong>stacam-se os <strong>de</strong> Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>,<br />

que conheceu o poema antes <strong>de</strong> ser publicado, e diz ao poeta, em cartas,<br />

que é uma obra formidável, o mais forte exemplo que conhece, mais bem<br />

frisado, mais psicológico <strong>de</strong> cansaço intelectual. O poema o irrita e o<br />

ilumina. É símbolo. 8 Comungaram com os aplausos <strong>de</strong> Mário os<br />

5 O Jornal, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 22 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1944. In: ANDRADE, Carlos Drummond <strong>de</strong>.<br />

Uma pedra no meio do caminho: biografia <strong>de</strong> um poema. Op. cit., p. 38.<br />

6 O Serrano, Serra Negra [SP], 21 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1946. In: ANDRADE, Carlos Drummond <strong>de</strong>.<br />

Uma pedra no meio do caminho: biografia <strong>de</strong> um poema. Op. cit., p. 39.<br />

7 “Paródia <strong>de</strong> um poema <strong>de</strong> Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>. Voz do Oeste, Dores do Indaiá<br />

[MG], 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1930. In: ANDRADE, Carlos Drummond <strong>de</strong>. Uma pedra no meio do<br />

caminho: biografia <strong>de</strong> um poema. Op. cit., p. 30.<br />

8 ANDRADE, Mário <strong>de</strong>. Cartas. In: ANDRADE, Carlos Drummond <strong>de</strong>. Uma pedra no meio<br />

do caminho: biografia <strong>de</strong> um poema. Op. cit., p. 61.<br />

Revista Volume LI.p65 105<br />

12/5/2009, 15:29

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