DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
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168 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />
Sua atuação como professor adveio da própria formação que teve<br />
na escola que cursou na Alemanha, on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senho era a base <strong>de</strong> todo o<br />
trabalho. E foi isto que exigiu dos seus alunos, em primeiro lugar: olhar e<br />
<strong>de</strong>senhar, observar e <strong>de</strong>senhar, sintetizar e <strong>de</strong>senhar. Depois nos levou ao<br />
uso do lápis 6H, o que nos obrigava a olhar, a pensar e só então dar o<br />
traço no papel, pois a dureza do lápis não nos <strong>de</strong>ixava apagar com a<br />
borracha o traço dado.<br />
Somava sempre, às aulas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> objeto e mo<strong>de</strong>lo vivo, as<br />
aulas diretamente dadas entre as árvores do Parque Municipal. Ali, nos<br />
mostrava como ver e interpretar a paisagem. O parque era seu mundo<br />
encantado, no centro do qual colocava seu cavalete e tela, pintando e nos<br />
mostrando com gestos como <strong>de</strong>víamos usar o pincel, pois sua dificulda<strong>de</strong><br />
em falar, em razão <strong>de</strong> lábio leporino, fazia com que se comunicasse<br />
conosco mais através <strong>de</strong> gestos que <strong>de</strong> palavras.<br />
Seu conhecimento técnico veio, além da sua formação alemã, do<br />
encantamento que teve pelos pintores do quattrocento italiano,<br />
especialmente por Botticelli e Fra Angelico, o primeiro em razão do<br />
requinte da pincelada em superposições coloristas produzindo a<br />
transparência, e o segundo pelo precioso <strong>de</strong>corativísmo que trabalhava a<br />
linha, fazendo arabescos sobre a mancha.<br />
Estas características técnicas vão se refletir nos céus coloridos<br />
transparentes, na pele <strong>de</strong> figuras femininas, nas árvores do parque, nos<br />
vestidos bordados <strong>de</strong> suas jovens musas, nos céus cheios <strong>de</strong> luzes e balões.<br />
Tudo isto foi absorvido pelos seus alunos que, <strong>de</strong> maneira pessoal,<br />
incorporaram essas características a sua própria visão do mundo.<br />
A criação nos era estimulada através do exercício <strong>de</strong> composições,<br />
on<strong>de</strong> <strong>de</strong>slocávamos os objetos colocando-os não na sua posição real, mas<br />
on<strong>de</strong> a composição pedia. Acrescentar elementos aleatórios era outra sua<br />
pedida. Lembro-me que, para marcar estas fantasias, construiu um<br />
biombo só <strong>de</strong> colagens, on<strong>de</strong> mostrava figuras, objetos, moveis e<br />
paisagens em um mesmo espaço, biombo este lindo e que se per<strong>de</strong>u com<br />
o tempo <strong>de</strong>ntro da escola.<br />
Se a técnica foi parte importante da herança que Guignard nos<br />
<strong>de</strong>ixou, mais importantes foram alguns conceitos que nos transmitiu: uma<br />
Revista Volume LI.p65 168<br />
12/5/2009, 15:29