DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
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Guimarães Rosa e Minas Gerais _____________________________________________________ Murilo Badaró 175<br />
Minas não se dispõe a aventuras ou projetos <strong>de</strong>stituídos <strong>de</strong> um<br />
mínimo <strong>de</strong> senso da realida<strong>de</strong>. Daí a sensação <strong>de</strong> segurança que a todos<br />
inspira e domina quanto a tudo que parte <strong>de</strong>sta gloriosa província.<br />
Não me exce<strong>de</strong>rei ao propor-vos, neste final <strong>de</strong> solenida<strong>de</strong>, a breve<br />
lembrança da famosa proclamação <strong>de</strong> Francisco Otaviano, <strong>de</strong> 1889, que<br />
em sua palpitante atualida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser conduzida como ban<strong>de</strong>ira aos mais<br />
longínquos rincões do país:<br />
“Estrela brilhante do Sul, formosa província <strong>de</strong> Minas – por<br />
que <strong>de</strong>smaias no céu <strong>de</strong> nossa pátria, quando ela precisa que<br />
cintiles com toda sua pureza antiga?<br />
(...) Níobe das províncias brasileiras, também viste morrer os<br />
teus filhos ilustres, estes que te causavam <strong>de</strong>svanecimento e<br />
orgulho; a lousa do túmulo caiu sobre o cadáver <strong>de</strong> alguns, a<br />
mão <strong>de</strong> ferro do ostracismo comprimiu a garganta <strong>de</strong> outros.<br />
(...) Do alto daquelas montanhas <strong>de</strong>scia, não o perfume que<br />
embriaga os sentidos e amolece o corpo, mas uma brisa <strong>de</strong><br />
liberda<strong>de</strong> que nos avigorava o espírito e <strong>de</strong>spertava o bom<br />
senso e as virtu<strong>de</strong>s cívicas.<br />
(...) Formosa província <strong>de</strong> Minas, surge do abatimento, volta<br />
a ocupar a tua primazia. Ainda está vago o teu lugar nos<br />
conselhos e na tribuna: nenhuma das tuas irmãs po<strong>de</strong> usurpá-lo.<br />
(...) Formosa província <strong>de</strong> Minas, surge, surge; não te é lícito<br />
tão longo repouso”.<br />
Tem-se a impressão segura <strong>de</strong> que o Brasil inteiro está a repetir<br />
estas palavras como uma espécie <strong>de</strong> oração, em apelo <strong>de</strong> intensa<br />
dramaticida<strong>de</strong> para que Minas retome o seu lugar<br />
Minas figura perante o Brasil como o espelho <strong>de</strong> sua consciência,<br />
pela certeza e profunda crença dos brasileiros <strong>de</strong> que é sua raiz, sua âncora.<br />
Pela convicção <strong>de</strong> que Minas foi o Brasil <strong>de</strong> ontem e é o Brasil <strong>de</strong><br />
sempre, pelo seu discernimento moral, seu inabalável senso <strong>de</strong><br />
proporções e refinada noção <strong>de</strong> direitos e obrigações.<br />
Assim seja!<br />
Revista Volume LI.p65 175<br />
12/5/2009, 15:29