DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
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A literatura e a arte aldravista ________________________________________________ Andréia Donadon Leal 233<br />
“ ... surge a i<strong>de</strong>ia mestra do Aldravismo: a <strong>de</strong> que é sempre<br />
possível inovar, e não há outra forma para fazê-lo <strong>de</strong><br />
maneira satisfatória, senão partindo do óbvio ululante, como<br />
diria Nelson Rodrigues. Esse eterno recomeçar, signo<br />
nietzscheano do “fracasso” humano, cobre <strong>de</strong> glória a<br />
iniciativa do Aldravismo ... Trata-se <strong>de</strong> uma manifestação<br />
poética <strong>de</strong> valor cultural inegável, que intriga pela simplicida<strong>de</strong><br />
e se <strong>de</strong>staca pela crueza com que <strong>de</strong>senha o perfil<br />
regional <strong>de</strong> Minas Gerais, <strong>de</strong> uma maneira, até, original”.<br />
(Souza Júnior, 2002). “O dicionário Aurélio ensina: aldrava:<br />
argola <strong>de</strong> metal com que se bate às portas chamando atenção<br />
<strong>de</strong> quem está <strong>de</strong>ntro. Pois vem daí um certo movimento<br />
aldravista que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000, na histórica Mariana, vem<br />
convocando pessoas à arte. É isso que quer o Portal<br />
Arqueológico, da artista Déia Leal: dar toques, insinuar,<br />
convidar a experimentações, perspectivas, cores, reflexões e<br />
buscas. É o espectador como cúmplice, parceiro e coadjuvante<br />
da criação.” (Mirtes Helena, 2007)<br />
O aldravismo constitui, portanto, algo <strong>de</strong> mão dupla: <strong>de</strong> um lado o<br />
autor da obra <strong>de</strong> arte e <strong>de</strong> outro o autor da leitura <strong>de</strong>ssa obra. O trabalho<br />
do artista passa a exigir também do espectador <strong>de</strong>terminada atenção, um<br />
olhar que pensa. O leitor se apropria <strong>de</strong> todas as prerrogativas <strong>de</strong><br />
construtor <strong>de</strong> sentido e/ou observador reflexivo, que reage às obras, que<br />
sente, pensa e imagina com seus temas, elementos, enunciados. Nesse<br />
caminho, o Aldravismo também não tem o objetivo <strong>de</strong> mostrar<br />
totalida<strong>de</strong>s, aliás, rejeita-as para apresentar ao leitor indícios, metonímias,<br />
ou seja, nem o produtor <strong>de</strong> arte a oferece como “coisa completa”, nem o<br />
leitor a recebe como algo que tem sentido prévio indicado pelo artista.<br />
Ambos continuam livres para construir sentido a partir do ponto que<br />
julgarem pertinente no tempo e no lugar em que se expõem diante da<br />
obra <strong>de</strong> arte. Não se pren<strong>de</strong> a uma forma, molda-se a forma que melhor<br />
seja expressão <strong>de</strong> um indício, <strong>de</strong> um conteúdo.<br />
Revista Volume LI.p65 233<br />
12/5/2009, 15:29