DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

O centenário da Academia Mineira de Letras _________________________________________ Almir de Oliveira 17
“Atenas Mineira”, que Sílvio Romero lhe deu para confrontar com a de
“Manchester Mineira” que outrem lhe emprestara em face de suas
atividades industriais. E Ruy Barbosa chamou-lhe “Barcelona Mineira”
também por esta segunda razão. Um mau costume, sem dúvida. Como
seu habitante renitente (três vezes saí daqui e três vezes voltei...) prefiro
este nome singular, embora indique ele um magistrado que aqui veio ter
como foragido da própria lei a que ele acabou desservindo e que o
condenara ao degredo para a África. A singularidade do nome dá mais
encanto a esta cidade tão orgulhosa de si mesma, como o fazem todas as
mulheres bonitas e elegantes...
É com muito contentamento, com algum orgulho mesmo, que nos
unimos aos nossos irmãos de Belo Horizonte para comemorar o primeiro
centenário da Academia Mineira de Letras, juiz-forana que, como muitos
outros naturais daqui, hoje tem a sua sede na formosa Capital mineira.
Estes sentimentos se explicam pela compreensão, que temos, de que a
Academia foi criada em Juiz de Fora num momento em que esta cidade
exercia seguro papel de liderança em Minas Gerais, tanto no terreno da
economia quanto no da educação e da cultura, o que provocava certo e
compreensível ciúme entre os nossos patrícios ouropretanos, pois, na
realidade, a venerável Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar do Ouro
Preto era, de jure, a capital das Minas Gerais, mas, de facto, Juiz de
Fora era a cidade-polo já nos tempos do Brasil Monárquico. Mais
próxima do Rio de Janeiro, mais acessível ao então principal porto
marítimo brasileiro, situada numa região de intensa produção
agropecuária e forte exportadora de café, Juiz de Fora atraía mais
capitais e assim acabou por industrializar-se vigorosamente a partir
dos finais do século XIX.
Logo veio a ser um importante centro de educação e instrução, com
estabelecimentos de ensino da melhor qualidade, e isto resultou no
crescimento rápido de sua população.
A instalação da primeira usina hidrelétrica da América do Sul aqui,
com uma grande fábrica de tecidos, propiciou e estimulou a multiplicação
desses estabelecimentos e provocou forte imigração de alemães e
italianos, que tomaram a cidade mais populosa e mais rica.
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