DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
264 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />
Ainda no prólogo, o narrador faz consi<strong>de</strong>rações curiosas sobre a<br />
situação dos mortos: “Vivemos na solidão <strong>de</strong> um espaço em que o<br />
silêncio conduz cada um à meditação <strong>de</strong> suas ações e omissões enquanto<br />
criaturas humanas” (p. 7). Informa que faz uso “do direito <strong>de</strong> elucidar<br />
fatos e versões e restabelecer a verda<strong>de</strong> tão duramente <strong>de</strong>sfigurada pelos<br />
meus <strong>de</strong>safetos, acerca <strong>de</strong> episódios <strong>de</strong> que participei como personagem<br />
ou espectador privilegiado” (p. 7). E <strong>de</strong>clara que não o move nenhum<br />
sentimento <strong>de</strong> mágoa ou vingança. Que fatos são esses, somente se vai<br />
saber ao final, quando o narrador lembra e analisa seu relacionamento<br />
com Carlos Magalhães Azeredo, durante o período em que este foi seu<br />
subordinado na Embaixada do Brasil junto à Santa Sé (Cap. XVII, p. 222).<br />
Tratando-se, pois, <strong>de</strong> alguém que volta a este mundo, vindo do<br />
além, é natural que, no primeiro capítulo, nos fale, em <strong>de</strong>talhes, das<br />
circunstâncias e da causa <strong>de</strong> sua morte, em setembro <strong>de</strong> 1921.<br />
Explicada esta situação singular, o narrador retoma o fio da meada,<br />
<strong>de</strong>talhando a história <strong>de</strong> seu nascimento na fazenda “Liberda<strong>de</strong>”, na<br />
margem direita do rio Piranga, no município <strong>de</strong> mesmo nome.<br />
Como a explicar e justificar o nome “Liberda<strong>de</strong>” da proprieda<strong>de</strong> da<br />
família, o protagonista lembra que Francisco Coelho Duarte e Ayres<br />
Gomes viviam na Borda do Campo. O segundo foi <strong>de</strong>gredado para<br />
Moçambique como participante da Inconfidência <strong>Mineira</strong>. Sua neta,<br />
Francisca Cândida <strong>de</strong> Lima, veio a casar-se com Francisco Coelho<br />
Duarte, <strong>de</strong> quem proce<strong>de</strong> o rebento que vem ter a Minas Novas. Disso se<br />
<strong>de</strong>duz que ficou <strong>de</strong>monstrado o espírito libertário dos ascen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />
Francisco Badaró, que não os <strong>de</strong>smereceu.<br />
Ao falar mais sobre seus antepassados explica como o seu avô<br />
paterno – Francisco Coelho Duarte – acresceu ao seu nome o apelido<br />
Badaró, para homenagear a Libero Badaró, assassinado em São Paulo<br />
(1830), supostamente a mando <strong>de</strong> D. Pedro I, a cujo <strong>de</strong>spotismo fazia<br />
incômoda oposição jornalística. O fato comoveu a nação acirrou os<br />
ânimos <strong>de</strong>mocráticos, ficando o nome Badaró como símbolo <strong>de</strong><br />
liberalismo republicano.<br />
Essa a herança irrecusável que o protagonista preservou como lema<br />
<strong>de</strong> sua atuação civil e política, empenhando-se, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> estudante em São<br />
Revista Volume LI.p65 264<br />
12/5/2009, 15:29