DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
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106 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />
escritores Cyro dos Anjos, Manuel Ban<strong>de</strong>ira, Lygia Fagun<strong>de</strong>s Telles,<br />
Wilson Martins e Haroldo <strong>de</strong> Campos, para citar os mais conhecidos.<br />
Praticamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu aparecimento, a obra tem merecido, além<br />
<strong>de</strong> elogios, paródias e avaliações <strong>de</strong>preciativas, como vimos, muitas<br />
análises e interpretações, longas e curtas, da crítica especializada. Com o<br />
passar do tempo, foi-se compreen<strong>de</strong>ndo mais amplamente a sua<br />
importância e o seu valor. Uma das melhores análises interpretativas é a<br />
<strong>de</strong> José Américo Miranda, que comenta alguns textos sobre o poema e<br />
apresenta a sua contribuição <strong>de</strong> crítico, relacionando-o ao fotograma, ou<br />
seja, uma espécie <strong>de</strong> quadro <strong>de</strong> filme cinematográfico:<br />
“O poema, no sentido em que o interpretamos, volta-se sobre si<br />
mesmo, iconiza-se, torna-se autorreferente; nele, o poeta coinci<strong>de</strong> com a<br />
pedra, suas interiorida<strong>de</strong>s se fun<strong>de</strong>m. Este é o tecido da experiência que o<br />
poeta nos apresenta, que nos é dado a ver na estrutura do poema.” 9<br />
“No meio do caminho” foi também comentado pelo próprio autor,<br />
mencionando os codinomes que <strong>de</strong>ram a ele, autor, por causa daqueles<br />
versos: sujeito da pedra, poeta pedregoso, pétreo, Drummond Pedreira.<br />
Nosso itabirano também partiu para a ironia, dizem que para se ver livre<br />
das aporrinhações dos críticos e leitores. Afirma ele:<br />
“A referida pedra não tem sentido algum, a não ser o que lhe dão as<br />
pessoas que a atacam e com ela se irritam. É uma simples, uma pobre<br />
pedra, como tantas que há por aí, nada mais. O poema (se assim se po<strong>de</strong><br />
chamar) em que ela aparece não preten<strong>de</strong> expor nenhum fato <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />
moral, psicológica ou filosófica. Quer somente dizer o que está escrito<br />
nele, a saber, que havia uma pedra no meio do caminho, e que essa<br />
circunstância me ficou gravada na memória.” 10<br />
9 MIRAN<strong>DA</strong>, José Américo. Fotografia e poesia: leitura da forma em Carlos Drummond <strong>de</strong><br />
Andra<strong>de</strong>. Inimigo Rumor: Revista <strong>de</strong> Poesia, 7, São Paulo, 1997, p. 81.<br />
10 ANDRADE, Carlos Drummond <strong>de</strong>. Carta a Laudionor A. Brasil, Rio, 29 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1944.<br />
In: ANDRADE, Carlos Drummond <strong>de</strong>. Uma pedra no meio do caminho: biografia <strong>de</strong> um<br />
poema. Op. cit., p. 182.<br />
Revista Volume LI.p65 106<br />
12/5/2009, 15:29