DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

Aires: uma rica história de saber e de cultura _______________________________ José Bento Teixeira de Salles 39
A autorizada voz da Professora Ângela Vaz Leão acentua observação
feita, no sentido de que “todas as lições do livro Português fora da
gramática são ministradas com simplicidade” para concluir, citando
Lúcia Miguel Pereira, que o homenageado de hoje possui “a arte de ser
erudito sem cair no preciosismo, apanágio dos espíritos realmente
cultos”.
Se compulsarmos a crítica publicada sobre o respeitado acadêmico
a opinião é uma só – e aqui já se ressaltou – de louvor e exaltação aos
atributos do mestre e escritor de texto erudito, mas simples, de estilo
escorreito e limpo, do ensaísta perspicaz e independente. Assim foi
retratado através de textos, além dos já mencionados, de autores como
Antenor Nascentes, João Dornas Filho, Francisco Iglésias, Zilah Corrêa
de Araújo, Oscar Mendes, Mário Casasanta, José Afrânio Moreira
Duarte, João Etienne Filho, Moacir Andrade, José Oswaldo de Araújo,
Lindolfo Gomes, toda uma galeria de ilustres escritores brasileiros.
Seu nome, que já conquistara projeção nacional, ganha depois
dimensão internacional. Em artigo publicado no Suplemento Literário,
em outubro do ano passado, a professora Yeda Pessoa de Castro,
etimologista diplomada pela Universidade do Zaire, cita o Prof. Aires da
Mata Machado Filho em seu estudo sobre problemas lingüísticos das
tribos africanas na região diamantinense.
Neste sentido, o livro O negro e o garimpo em Minas Gerais é
considerado, pela crítica, a obra-prima na extensa e diversificada
produção bibliográfica do mestre inesquecível.
E aí reside mais um extraordinário mérito do autor: sua incomum
capacidade de trabalho intelectual, particularmente o etnográfico, pelo
que exige de estudo e pesquisa. Este caminho, amplo, exaustivo e até
certo ponto obscuro, ele perlustrou com seriedade e competência,
sublimando suas pesquisas, no já mencionado O negro e o garimpo em
Minas Gerais.
Anote-se, desde logo, que o mestre empreendeu suas pesquisas
graças exclusivamente aos seus próprios esforços, pois na época, os
estudos se desenvolviam sem a substancial colaboração de auxiliares, tão
do gosto – e com razão – dos pesquisadores atuais.
Revista Volume LI.p65 39
12/5/2009, 15:29