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DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

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208 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />

até o final <strong>de</strong> seus dias, foi Armond um crente orgulhoso. Não é<br />

sem razão que Agripino Grieco disse ser “a blasfêmia uma oração<br />

<strong>de</strong>sesperada”. Em “Negação”, outro soneto da primeira fase, repete o<br />

refrão:<br />

Eu que não creio em Deus e nego a glória<br />

– as duas abstrações <strong>de</strong> todo o egoísmo, etc.<br />

A verda<strong>de</strong> e que ele não nutria outra crença. Armond foi um tímido<br />

e, como todo tímido, um profundo orgulhoso. Fazendo pequena<br />

concessão aos <strong>de</strong>terministas, nossa vida é quase sempre o produto <strong>de</strong> atos<br />

por cuja gênese e natureza não nos responsabilizamos. Se por qualquer<br />

eventualida<strong>de</strong> divergirmos no início, lá vão as linhas divergentes até o<br />

fim. Tanto não era um incréu, que o verda<strong>de</strong>iro materialista é indiferente<br />

a esses problemas. Nele o tema volta com a constância isocrônica. O que<br />

Armond quis ser foi um adversário do Cristo e aí o problema é diferente.<br />

Foi um filho rebelado, que não contou, infelizmente, com um mediador<br />

eficaz entre ele e o Pai. Os <strong>de</strong>safios ao Criador são ininterruptos em toda<br />

sua poesia, e tal procedimento só é próprio em quem ama ou o<strong>de</strong>ia. Ódio<br />

e amor, na escala psicológica, são irmãos, vizinhos <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>-meia – já o<br />

freudismo nos explicou.<br />

COMPLEXO EXISTENCIAL E POESIA<br />

O sedimento pessoal, a carga emotiva, as condições psicológicas, o<br />

subjetivismo, em suma, condicionam a criação estática – personalíssima<br />

por excelência – traduzindo não só o complexo <strong>de</strong> que se compõe o<br />

indivíduo, mas, também, suas reações e até sua ancestralida<strong>de</strong>, como,<br />

principalmente, o momento. O momento <strong>de</strong> Hei<strong>de</strong>gger, isto é, o espaço<br />

<strong>de</strong> tempo que nos é outorgado entre os dois limites: nascimento e morte.<br />

O lirismo é, assim, uma categoria puramente subjetiva.<br />

Vejamos <strong>de</strong> Armond esta sextilha do poema “Avatar”, que nos<br />

transmite a eclosão do momento existencial:<br />

Revista Volume LI.p65 208<br />

12/5/2009, 15:29

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