DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

108 _______________________________________________ REVISTA DA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS
“O sr. Cristiano Machado [candidato de oposição ao governo de
Minas] não será uma pedra no caminho da UDN. Será montanha.” 14
“Concorrentes ainda podem colocar uma pedra no caminho de
Costa e Silva. [segundo ditador do Pós-64]” 15
Até o grande poeta Fernando Pessoa, morto cinco anos após ter
saído o livro de Drummond com o poema da pedra, tê-lo-ia prestigiado,
com uma frase-verso citadíssima em blogues da internet: “Pedras no
caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...”
Atualmente, ou seja, julho de 2008, na Rede encontramos
4.500.000 sítios com o verso ou parte dele, aplicáveis às mais diversas
situações, muitas delas impensáveis por Drummond. Só de imagens no
Google, temos 319.000. Algumas são denotativas, ou seja, um caminho e
uma pedra; outras são simbólicas, como a foto de uma mulher com uma
perna engessada. De videos no You Tube, temos 25 com “tinha uma
pedra no meio do caminho” e 375 com “no meio do caminho”.
Metáforas do poema
Encontramos duas grandes metáforas na vida de Drummond –
pedras no meio do seu caminho: a primeira, as difíceis e incompreendidas
relações afetivas com Itabira; a segunda, as não menos difíceis relações
com a mídia e os estudantes que procuravam entrevistá-lo. Assim, em
sentido metafórico pode-se dizer que Itabira e entrevistadores foram duas
grandes pedras no caminho de sua vida, depois que ele se tornou
superfamoso. É claro que havia outras pedras, das quais não podemos
falar por enquanto.
14 O Estado, Niterói [RJ], 21 de maio de 1950. In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Uma
pedra no meio do caminho: biografia de um poema. Op. cit., p. 119.
15 O Diário, Belo Horizonte [MG], 20 de fevereiro de 1966. In: ANDRADE, Carlos
Drummond de. Uma pedra no meio do caminho: biografia de um poema. Op. cit., p. 123.
Revista Volume LI.p65 108
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