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DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

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194 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />

atmosfera do poeta é o sonho. Ainda que se <strong>de</strong>dique a ativida<strong>de</strong>s<br />

profanas, o poeta utiliza-as como ingredientes <strong>de</strong> sua arte. Sua missão, o<br />

dom gratuito que recebeu ao nascer, não po<strong>de</strong> ser malbaratado. Os que<br />

não sentem o inefável, os que não receberam essa mensagem, raramente<br />

po<strong>de</strong>m compreen<strong>de</strong>r os eleitos que se não satisfazem somente <strong>de</strong> pão,<br />

parafraseando o Sermão da Montanha. Seria urgente penetrarmos nas<br />

almas eleitas, naquelas para quem “o mundo tal como existe não basta”,<br />

tal como nos ensinou o insigne Francisco Campos, a fim <strong>de</strong> compartilharmos<br />

<strong>de</strong> seu universo prodigioso.<br />

Contentam-se com migalhas e não se satisfazem com as mais<br />

esplendorosas dádivas. Vivem na pobreza, mas habitam a mais<br />

<strong>de</strong>slumbrante e faustosa corte: o reino da fantasia.<br />

Não possuem ceitil, mas vertem cornucópias <strong>de</strong> benesses. São<br />

pródigos <strong>de</strong> bens e bonda<strong>de</strong> e seus tesouros infungíveis, inacessíveis ao<br />

<strong>de</strong>sgaste, estão sempre a serviço <strong>de</strong> todos. Por mais obscuros sejam, os<br />

poetas têm sempre alguma oferenda. E isto espanta a maioria, causa<br />

escândalo ou escarnecimento, pois eles não procuram amealhar o<br />

perecível: seu <strong>de</strong>stino é gastar, oferecer, enriquecer o próximo para sua<br />

própria alegria. Ainda que o mundo <strong>de</strong> nossos dias, pelas suas<br />

contingências, enriqueça o poeta, sua alma é sempre mais rica ainda. Crê<br />

na perenida<strong>de</strong>. Sendo o mais inquieto dos seres quanto à criação e busca<br />

<strong>de</strong> harmonias novas e novos modos <strong>de</strong> sentir e apreen<strong>de</strong>r a riqueza<br />

cósmica é, quanto ao resto, o ser tranquilo por excelência. Enquanto nós<br />

outros pensamos sempre em amealhar, pois acreditamos não estar em<br />

casa própria e cumpre-nos adquirir a nossa, o poeta julga o mundo todo<br />

solar seu e está a vonta<strong>de</strong> em qualquer parte. Sua meta, aquilo que<br />

ambiciona aprisionar, isto é, o momento da inspiração, o sopro divino,<br />

não se adquire como os bens comuns.<br />

Os que não participamos <strong>de</strong>ste dom per<strong>de</strong>mo-nos em cogitações<br />

vãs.<br />

Positivamente, seguem, conscientes ou não, a lição do Cristo<br />

quando fala dos lírios do campo e dos pássaros do céu.<br />

Em crônica recente, Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> <strong>de</strong>finiu muito<br />

melhor Honório Armond nestas palavras: – “... pois esse poeta construiu<br />

Revista Volume LI.p65 194<br />

12/5/2009, 15:29

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