16.04.2013 Views

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A tradição acadêmica _____________________________________________________________ Vivaldi Moreira 199<br />

da obra <strong>de</strong> Armond e, com cintilações <strong>de</strong> seu reconhecido talento,<br />

<strong>de</strong>duziu certeiras antecipações. Apesar da juventu<strong>de</strong> do autor – e há<br />

espíritos que são maduros <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o alvorecer – seu longo ensaio está pleno<br />

<strong>de</strong> indicações proveitosas, redigido num estilo muito próximo do atual.<br />

Com quase vinte anos <strong>de</strong> distância <strong>de</strong> Hiroshima, fala Abgar até <strong>de</strong><br />

energia atômica, a propósito <strong>de</strong> certas passagens da obra <strong>de</strong> Armond.<br />

Ao ingressar nesta ilustre Companhia, Honório Armond já <strong>de</strong>tém<br />

uma bagagem literária festejada pela crítica mais vigilante do país. Sobre<br />

sua poesia <strong>de</strong>puseram, entre outros, Humberto <strong>de</strong> Campos, Plínio<br />

Salgado, então crítico militante, e Tristão <strong>de</strong> Ataí<strong>de</strong>. Ousamos o último<br />

<strong>de</strong>les: “– Nesse poeta em plena mocida<strong>de</strong>, nesse poeta que apenas se<br />

revela, para nos trazer, quem sabe, um pouco do que Álvares <strong>de</strong> Azevedo<br />

aos vinte anos levou para o túmulo – parece não haver simplesmente<br />

talento. Nele se pressentem centelhas <strong>de</strong>sse gênio que foi a gran<strong>de</strong>za e a<br />

maldição <strong>de</strong> Leopardi, <strong>de</strong> Poe, <strong>de</strong> Bau<strong>de</strong>laire, <strong>de</strong> Antero.”<br />

IGNOTAE DEAE, EXPERIÊNCIA PROMISSORA<br />

Em Armond, o instrumento verbal <strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong> emocional,<br />

em seu primeiro livro, é inteiramente subsidiário do vocabulário <strong>de</strong><br />

Augusto dos Anjos. Os vocábulos “morte”, “lama”, “podridão”,<br />

“neurastenia” e expressões como “hereditarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgraça” “humana<br />

estupi<strong>de</strong>z”, etc., são Leitmotiv revelando o lado escatológico da<br />

individualida<strong>de</strong> humana. São, evi<strong>de</strong>ntemente, hauridos naquele poeta do<br />

fado triste, do negrume.<br />

É claro que apesar do ambiente funéreo – o que nada tem a ver com<br />

a qualida<strong>de</strong> da poesia – notamos em muitas composições <strong>de</strong>sse livro o<br />

sopro lírico <strong>de</strong> primeira gran<strong>de</strong>za, e o técnico conhecedor das palavras –<br />

traço do parnasiano – profetizando o futuro vate:<br />

Velho relógio, amigo <strong>de</strong> outras eras,<br />

esquisito, bizarro, original,<br />

no teu ranger isócrono, que esperas?<br />

O dia <strong>de</strong> hoje ao <strong>de</strong> amanhã é igual!<br />

Revista Volume LI.p65 199<br />

12/5/2009, 15:29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!