DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

Resenha _______________________________________________________________________ Onofre de Freitas 265
Paulo, até chegar à Câmara no Rio de Janeiro, para ser a voz de Minas
Novas nas lutas pela afirmação da República e pela defesa da Democracia,
da Religião Católica e da Cidadania. Resta dizer que foi o primeiro a
reconhecer em sentença judicial o direito de votar reclamado pelas
mulheres, pelo que cabe a Minas Gerais o pioneirismo da luta pelo voto
feminino.
O protagonista reporta-se ainda à sua fase de estudante em São
Paulo, onde recebe o diploma de bacharel em Direito das mãos do
famoso Joaquim Inácio Ramalho. Em seguida volta a Ouro Preto e
depois a Minas Novas, onde atua como promotor, juiz e prefeito, sendo
mais tarde eleito deputado.
Desde o tempo estudantil, Francisco Badaró cruza com diversos
líderes da política nacional, cujos nomes vão surgindo e compondo a
galeria de homens célebres do Império e da primeira República, cujos
perfis, físicos ou morais, são delineados com excepcional talento e
fidelidade histórico-social-política.
Figura de projeção no cenário da Câmara Federal por sua
inspiração religiosa e defesa da Igreja Católica, Francisco Badaró presta à
Republica relevantes serviços na controvérsia da separação entre Igreja e
Estado. Por este destaque, merece receber do presidente Floriano Peixoto
a espinhosa tarefa de representar o Brasil junto ao Vaticano, na qualidade
de embaixador plenipotenciário. Neste posto, permanece longo período,
com imensuráveis vantagens para o Brasil nas suas relações com a Santa
Sé, porém, com indizível sacrifício para si e para a sua família, de que se
vê separado. Em compensação para a sua sensibilidade religiosa, vê-se
distinguido com a intimidade do Chanceler da Santa Sé, Cardeal
Rampolla, e a do próprio Papa, então o grande e extraordinário Leão
XIII.
Não menos relevante foi a vocação literária de Francisco Badaró,
que nunca descurou o seu talento de escritor, cujas obras vão sendo
catalogadas à medida que o protagonista, sem quebrar a rotina estudantil,
jurídica, política ou diplomática, as vai produzindo. Conviveu com
Bernardo Guimarães, seu incentivador e prefaciador do seu romance
Fantina. Sua primeira obra foi este romance, evocado aos tempos da
Revista Volume LI.p65 265
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