DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

Uma leitura corrida sobre o livro Memórias póstumas de Francisco Badaró, de Murilo Badaró _________ Carmen S. Guimarães 257
em estilo vazado em rara nobreza, sábias e firmes, de conteúdo
doutrinário”.
Como não poderia deixar de acontecer, o relato de Francisco
Badaró se prende também à análise que fazia dos acontecimentos do
Brasil. Além das notícias da política (com a Revolta da Armada) que
lhe chegavam periodicamente, e que não eram nada boas, estampadas
por vezes no jornal O Apóstolo, com relação a movimentos de
oposição ao governo de “Floriano, ditador do Brasil”, Francisco
chegou a sugerir que a Legação fosse fechada “por imprestabilidade e
inutilidade política”.
O tempo ia seguindo seu curso, e em Roma, alguma atividade fora
das obrigações de seu posto vinha auxiliar a vida solitária do chefe da
Legação, ali na bela cidade que se chamara “Capital do Mundo”. Ele
visitara a suntuosidade da Capela Sistina, que o impressionara. Assistira
à estréia de Enrico Caruso, no Teatro San Carlo, em Nápoles. O jovem
brasileiro de Minas Gerais, nascido na Fazenda Liberdade, a 2 de maio de
1860, tendo assumido a promotoria Pública em Minas Novas, eleito
deputado federal e agora, responsável pela representação brasileira junto
à Santa Sé em Roma, acabara de completar 34 anos de idade. Terminara
de escrever um livro, ao qual dera o nome de A Igreja no Império e na
República, “no qual fiz um estudo paralelo do regime decaído com
aquele que estabelecemos na Constituição Federal”. Esse trabalho fora
iniciado quando ele ainda estava no exercício do mandato de deputado
federal.
Já no Capítulo XIV, depois de larga explanação sobre suas
atividades em Roma, a notícia que o entristeceu, do falecimento do
marechal Floriano Peixoto, presidente do Brasil, ocorrido no dia 26 de
junho de 1895, depois de passar a presidência a Prudente de Morais.
Francisco Badaró transcreve em seu livro “a carta-testamento que é um
perfeito modelo de dignidade e coerência”, escrita na cidade de Divisa,
onde o presidente tentava recuperar as forças e a saúde.
Uma passagem de infelizes acontecimentos envolvendo o autobiógrafo
e o senhor Carlos Magalhães de Azeredo, que trabalhou na Legação de
Roma, transferido da Embaixada de Montevidéu, é referida com muita
Revista Volume LI.p65 257
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