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DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

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202 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />

Em suma, a poesia é inefável como o momento místico. É um<br />

estado afim da prece. Esta foi a revolução que Brémond sistematizou,<br />

indo buscar os elementos em teoristas prece<strong>de</strong>ntes: Bau<strong>de</strong>laire, Poe,<br />

Mallarmé, Shelley e Valéry.<br />

Estava iniciada assim uma nova compreensão. Começou-se a<br />

valorizar o poema como coisa em si, intocável na sua estrutura verbal,<br />

ainda que nada possa traduzir que se assemelhe a outra disciplina, mas<br />

como poesia pura – categoria à parte na conceituação até ali admitida<br />

pelas regras aristotélicas. O poema nos comunica algo assim como a<br />

oração. Po<strong>de</strong> não significar coisa alguma logicamente, quando<br />

transpostos seus termos para uma proposição comum. E quereis um<br />

exemplo em Armond? Está no soneto “Sítio”:<br />

Vislumbro, além, um lago <strong>de</strong> esmeralda...<br />

e ele foge ante mim! foge aos meus brados!<br />

eu não n’o atingirei! loucura balda!<br />

Que tenho, à cruz, os membros meus pregados!<br />

Nem há nenhum lago <strong>de</strong> esmeralda, nem ele fugiria aos brados <strong>de</strong><br />

alguém, nem homem algum po<strong>de</strong>rá atingi-lo se tiver os membros presos<br />

a uma cruz. Mas, quanta beleza nos comunica a estrofe! “A poesia torna<br />

patente uma atitu<strong>de</strong> do homem ante o mundo através <strong>de</strong> sua essencial<br />

profundida<strong>de</strong>. Isto significa que a poesia “diz” mais do que “enuncia”.<br />

“Não importa o conteúdo que uma poesia nos possa oferecer, nem as<br />

i<strong>de</strong>ias que exponha, nem a i<strong>de</strong>ologia que professe. O que importa é sua<br />

realização verbal.”<br />

A linguagem poética <strong>de</strong>verá ser estudada como se suas expressões<br />

carecessem <strong>de</strong> significação e portanto, <strong>de</strong> dimensão semântica.<br />

Advertem, porém, alguns entendidos no problema que a dimensão<br />

semântica não somente não po<strong>de</strong> ser eliminada da poesia, senão que<br />

constitui sua característica principal. Significa isto que uma expressão<br />

poética, por exemplo:<br />

Revista Volume LI.p65 202<br />

12/5/2009, 15:29

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