DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
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116 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />
Mundial. Lá, como nas fugas noturnas, íamos à paisana, para a conversa<br />
<strong>de</strong>scontraída, as anedotas, a maionese e as salsichas, e, naturalmente, o<br />
chope bem gelado. Não havia a sofisticação dos salgadinhos e dos<br />
sanduíches <strong>de</strong> hoje. O negócio era mesmo morta<strong>de</strong>la, salame, maionese.<br />
E as noites passadas em claro, em plena rua, só para ouvir o Delê<br />
contar centenas <strong>de</strong> anedotas e morrer <strong>de</strong> rir, ele mesmo, das anedotas que<br />
contava? Essas eram noites nem <strong>de</strong> amor nem <strong>de</strong> pecado. Era só aquela<br />
coisa <strong>de</strong> ficar acordado para enamorar-se da lua e ver o sol nascer. E que<br />
espetáculo! Belo Horizonte disputa com Brasília a beleza da chegada e da<br />
<strong>de</strong>spedida do sol. Em Belo Horizonte ele vem <strong>de</strong> mansinho, <strong>de</strong>vagar,<br />
iluminando o céu e a terra antes <strong>de</strong> surgir <strong>de</strong>trás das majestosas<br />
montanhas que emolduram a cida<strong>de</strong>. Em Brasília, não. Ele explo<strong>de</strong> num<br />
enorme luzeiro, às escâncaras, logo aos primeiros momentos do<br />
alvorecer.<br />
Assim foi meu tempo <strong>de</strong> moço, que já vai bem longe.<br />
Pois bem, embora todo rigor, toda exigência, toda limitação,<br />
tínhamos, como todo jovem, o <strong>de</strong>sejo da aventura e o gosto do risco.<br />
Queríamos sentir o sabor da novida<strong>de</strong> e aquela sensação, muito própria<br />
dos moços: ver o perigo <strong>de</strong> perto. Cumpríamos nosso <strong>de</strong>ver, fazíamos<br />
também nossas farrinhas, cantávamos nossas serenatas, íamos à zona<br />
boemia, dançávamos, bebíamos, enfim, vivíamos nossa vida. Sem droga,<br />
sem violência, sem crime. Bem mais comportados que os “<strong>de</strong>satinados”<br />
<strong>de</strong> Humberto Werneck: Fernando Sabino, Otto Lara Resen<strong>de</strong>, Hélio<br />
Pelegrino, Paulo Men<strong>de</strong>s Campos e tantos outros moços das décadas <strong>de</strong><br />
30/40, que <strong>de</strong>ixaram seus nomes <strong>de</strong>stacados nas áreas em que atuaram,<br />
como a literatura, o jornalismo e outras ativida<strong>de</strong>s, por on<strong>de</strong> passaram.<br />
Revista Volume LI.p65 116<br />
12/5/2009, 15:29