DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
260 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />
palavra, quer na área política ou no campo literário e intelectual, e o<br />
assunto se esten<strong>de</strong> por várias páginas. O autor alega que “foi dominado<br />
pela certeza <strong>de</strong> que daria boa contribuição para que fosse o Brasil mais<br />
conhecido em Roma e alhures, bem como sobre a situação da Igreja em<br />
nosso país após a proclamação da República”. Explica, <strong>de</strong>talhadamente,<br />
que a palavra empregada por Wilson Martins não <strong>de</strong>ixava claro o<br />
conceito a que submetera seu trabalho. Francisco Badaró escreveu outro<br />
livro: Les couvents au Brésil, escrito em Roma e editado em Florença,<br />
em 1897, também ofertado ao Santo Padre, e que <strong>de</strong>le mereceu caloroso<br />
elogio.<br />
De volta ao Brasil, seguiram para Minas Novas. Ainda na Europa, a<br />
família crescera com o nascimento <strong>de</strong> mais um menino, ao qual <strong>de</strong>ram o<br />
nome <strong>de</strong> José Nápoles Duarte Badaró, em homenagem à sua cida<strong>de</strong> natal.<br />
Francisco Badaró reassumira o cargo <strong>de</strong> juiz <strong>de</strong> direito da comarca <strong>de</strong><br />
Minas Novas, do qual estava licenciado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1889, quando eleito<br />
<strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral.<br />
Um fato expressivo é narrado pelo autor das Memórias Póstumas<br />
<strong>de</strong> Francisco Badaró. Fala das eleições <strong>de</strong> 1891, com o alistamento dos<br />
eleitores. Refere-se a Rui Barbosa “que já <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ra a participação das<br />
mulheres no processo político, chamando a atenção para a lei que<br />
permitiu pu<strong>de</strong>ssem votar cerca <strong>de</strong> 6 milhões <strong>de</strong> eleitoras na Inglaterra”, o<br />
que po<strong>de</strong>ria constituir no Brasil uma verda<strong>de</strong>ira heresia. Mesmo assim, o<br />
ânimo <strong>de</strong> justiça e a capacida<strong>de</strong> intelectual <strong>de</strong> Francisco fizeram com que<br />
ele <strong>de</strong>spachasse pela igualda<strong>de</strong> entre homem e mulher, fundamentado na<br />
lição bíblica. Na verda<strong>de</strong>, três conterrâneas suas chegaram a votar em<br />
alguns pleitos, mas a junta <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong> Belo Horizonte tolheu-lhes o ato<br />
cívico. Em 1930, em Teófilo Otoni, no congresso que implantou por<br />
<strong>de</strong>finitivo o voto feminino, <strong>de</strong> posse da palavra, Francisco Badaró Junior<br />
pediu que “ficasse consignado nos Anais do Congresso Mineiro que não<br />
ao Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, mas a Minas Gerais, coube a iniciativa <strong>de</strong><br />
conce<strong>de</strong>r o direito <strong>de</strong> cidadania à mulher brasileira”.<br />
Francisco Badaró era um batalhador. Continuou seu envolvimento<br />
com a política, e <strong>de</strong>vido à sua amiza<strong>de</strong> com Arthur Bernar<strong>de</strong>s, candidato<br />
ao governo <strong>de</strong> Minas, não se furtou <strong>de</strong> comparecer a um convite seu para<br />
Revista Volume LI.p65 260<br />
12/5/2009, 15:29