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DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

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ROSA, DENTRO E PROFUNDO...<br />

Petrônio Souza Gonçalves*<br />

João Guimarães Rosa é uma flor que não se colhe. Nasce, cresce,<br />

floresce e morre em seu próprio ministério. Está <strong>de</strong>ntro, profundo e uno<br />

em sua obra. Inteiro e indivisível. Tudo além, foge ao universo imaterial<br />

e mineral rosiano, aquele que está muito além <strong>de</strong> nós, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> quase<br />

tudo, em suas in<strong>de</strong>cifráveis palavras. Não cabe interpretação, estudo, pois<br />

a obra está nela mesma, no universo traduzido e inventado. Fonte e fim<br />

do inefável mistério, o indizível elo.<br />

Do Urucuia ao Pinhém, um voo só, <strong>de</strong> mil ventos. Nada, além do<br />

que ali está, nos leva além. O segredo é a profundida<strong>de</strong> no próprio<br />

mistério, na entrega <strong>de</strong>spojada e <strong>de</strong>sarmada, a busca do sabor <strong>de</strong>gustado e<br />

revelado, nunca traduzido. Assim foi, assim é: maior, plural, muito além<br />

<strong>de</strong> nossas várias filosofias.<br />

Para saber mais do mágico, do intransitável, poucos mergulhos não<br />

bastam. Requer um aprendizado, pois em seu balaio <strong>de</strong> carregar amor e<br />

flor, Rosa levou tudo que havia garimpado e começou a passar para o<br />

papel, em prosa e poesia, na França – segundo informações da filha,<br />

Vilma – e fez o sertão florescer mineiramente, silenciosamente, na<br />

universal Paris. Era um sertão tão grandioso, que trazia em si a dor do<br />

mundo inteiro. Tudo, encantamento puro, travessia do transcen<strong>de</strong>ntal, da<br />

imortalida<strong>de</strong> imaterial das palavras, aquelas que têm várias moradas e<br />

traduzem infindáveis sentimentos. Sentidos. No embornal do tempo, as<br />

* Jornalista e escritor.<br />

Revista Volume LI.p65 179<br />

12/5/2009, 15:29

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