16.04.2013 Views

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O Padre José Maurício, o Aleijadinho e Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> __________________ Paulo Sérgio Malheiros Santos 149<br />

À parte a questão racial, hoje pouco relevante, O Aleijadinho<br />

mostra-se exemplar para o entendimento dos processos críticos<br />

andradianos. Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> preocupa-se e teoriza sobre as raízes da<br />

criação, seus aspectos psicológicos e a utilização estética dos meios<br />

expressivos aliados à visão funcional da arte na socieda<strong>de</strong>. No artigo, o<br />

enfoque psicológico, por exemplo, explica o expressionismo final do<br />

escultor e arquiteto, mostrando o artista atordoado pela doença, pela dor,<br />

pela solidão e velhice. Mário mantém, entretanto, na soma final, a<br />

primazia do enfoque estético:<br />

E o Aleijadinho, <strong>de</strong> fato nada teve <strong>de</strong> anormal na sua<br />

evolução artística. Foi evoluindo gradativamente. Só <strong>de</strong>pois<br />

dos 35 anos é que se mostra na maturida<strong>de</strong> prodigiosa e<br />

ainda sã que <strong>de</strong>ixou nas duas São Francisco e nas pedras<br />

das duas Carmos, uma das elevadas expressões plásticas do<br />

gênio humano. Depois doença chegou ... E foi Congonhas. O<br />

gênio sofre fisicamente <strong>de</strong>mais, e se não <strong>de</strong>cai propriamente,<br />

doença e velhice o perturbam. A obra <strong>de</strong> Congonhas,<br />

frequentemente genial, várias vezes sublime ainda, turtuveia.<br />

É irregular, mais atormentada, mais mística, berra num<br />

sofrimento raivoso <strong>de</strong> quem sabemos que não tinha paciência<br />

muita, apesar das leituras bíblicas. (...) O aparecimento da<br />

doença divi<strong>de</strong> em duas fases nítidas a obra do Aleijadinho. A<br />

fase sã <strong>de</strong> Ouro Preto e São João d’El-Rey se caracteriza<br />

pela serenida<strong>de</strong> equilibrada, e pela clareza magistral. Na<br />

fase <strong>de</strong> Congonhas do enfermo, <strong>de</strong>saparece aquele sentimento<br />

renascente da fase sã, surge um sentimento muito mais gótico<br />

e expressionista. A <strong>de</strong>formação na fase sã é <strong>de</strong> caráter<br />

plástico. Na fase doente é <strong>de</strong> caráter expressivo. (ANDRADE,<br />

Aspectos das artes no Brasil: 36)<br />

O enfoque psicológico, tão nítido, ao mesmo tempo em que permite<br />

e fundamenta uma avaliação estética, justifica duas fases distintas da obra<br />

do Aleijadinho. O artigo contempla, ainda, o aspecto sociológico,<br />

Revista Volume LI.p65 149<br />

12/5/2009, 15:29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!