DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
156 _______________________________________________ R<strong>EVISTA</strong> <strong>DA</strong> A<strong>CADEMIA</strong> M<strong>INEIRA</strong> DE L<strong>ETRAS</strong><br />
Ela é merecedora do adjetivo e ele po<strong>de</strong> ser comprovado em<br />
primeiro lugar pelo seu seguro <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> poucas linhas formando uma<br />
figura humana, pela técnica apurada e limpa das aquarelas com<br />
perspectiva <strong>de</strong> mestre, seja nas paisagens ou nas marinhas. Seus retratos<br />
<strong>de</strong> gente humil<strong>de</strong> que a cercava em Sabará <strong>de</strong>monstram visível<br />
humanismo que o mundo foi per<strong>de</strong>ndo nos anos bélicos seguintes e nas<br />
duras décadas do pós-guerra. Seus <strong>de</strong>finitivos óleos contêm tudo que se<br />
espera da pintura mo<strong>de</strong>rnista brasileira, com suas cores produzidas pelo<br />
brilho do sol tropical que ela tanto buscou e impregnadas com a força do<br />
expressionismo alemão que, certamente, conhecia bem. Sabedora da lei<br />
da razão <strong>de</strong> ouro, ela distribui os elementos da composição da natureza<br />
morta com invejável equilíbrio e enganosa simplicida<strong>de</strong>. E nem foi<br />
somente nesse gênero que recebeu a técnica dos gran<strong>de</strong>s criadores. Suas<br />
paisagens e flores são composições com ritmo, conduzindo o espectador<br />
à alegria <strong>de</strong> ver somente beleza em espaço pequeno ou em suportes <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong>s formatos. Nada chama atenção nos quadros, exceto a harmonia<br />
do conjunto.<br />
A antiga Vila Formosa <strong>de</strong> Sabarabuçu foi fundada no início do<br />
século 18 pelo ban<strong>de</strong>irante paulista Borba Gato, genro <strong>de</strong> Fernão Dias,<br />
dois bravos portugueses que saíram do litoral paulista à procura <strong>de</strong> ouro<br />
no <strong>de</strong>sconhecido interior brasileiro. Encontraram tanto que ali edificaram<br />
a cida<strong>de</strong> hoje conhecida como Sabará. Ela está a pouco menos <strong>de</strong> 30 km<br />
<strong>de</strong> Belo Horizonte, distância percorrida nos anos 1930 ou 1940 com<br />
dificulda<strong>de</strong> por sinuosa estrada <strong>de</strong> terra ou por estrada <strong>de</strong> ferro. Sabará<br />
está parcialmente preservada com casas coloniais, algumas igrejas<br />
barrocas e pelo Museu do Ouro, local <strong>de</strong> painel <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Marta<br />
Loutsch. A usina dirigida pelo marido está hoje <strong>de</strong>sativada.<br />
Enquanto o executivo ficava na si<strong>de</strong>rúrgica, ela <strong>de</strong>senhava, pintava<br />
a óleo e fazia aquarelas. E com que primor tudo isso era produzido!<br />
Todas as técnicas pictóricas são apresentadas <strong>de</strong> forma exuberante por<br />
alguém que, além do talento, tinha a herança cultural germânica, um<br />
DNA artístico único e a vivência do que ocorria – o casal viajava com<br />
certa frequência pela Europa – e havia ocorrido no Velho Mundo. Os<br />
resultados estão nas aquarelas, conservadas <strong>de</strong> forma exemplar, e no<br />
Revista Volume LI.p65 156<br />
12/5/2009, 15:29