DA EVISTA CADEMIA INEIRA ETRAS - Academia Mineira de Letras
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A tradição acadêmica _____________________________________________________________ Vivaldi Moreira 185<br />
com aquela beleza helênica que ainda hoje estua nos seus períodos, <strong>de</strong>ulhe<br />
a absolvição e a resposta aos opositores, nesta apóstrofe:<br />
– Perguntaram-lhe pelas obras. Ele fez mais: porque se <strong>de</strong>dicou a<br />
corrigir a própria obra <strong>de</strong> Deus. Não há irreverência na <strong>de</strong>fesa, mas uma<br />
enunciação apodítica, pois o nosso Criador, para gran<strong>de</strong>za do próprio<br />
homem, costuma <strong>de</strong>ixar certos trechos por concluir, a fim <strong>de</strong> propiciarnos<br />
oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sermos criatura feita à Sua imagem e semelhança.<br />
O <strong>de</strong>safio constante da ciência e uma resposta às imensas ocasiões que<br />
Deus nos <strong>de</strong>stinou.<br />
UM JORNALISTA A MAIS<br />
Quisestes no vosso convívio mais um jornalista, mais um homem<br />
que escreve atabalhoadamente, procurando veicular, com a possível<br />
pressa e exatidão, o fato ainda palpitante. Com efeito, entre as ativida<strong>de</strong>s<br />
intelectuais, a que exerço com mais amor, por estar mais próxima às<br />
minhas inclinações, é o jornalismo. Dele vivi e nele aprendi o oficio <strong>de</strong><br />
cidadão. Estão se completando exatamente trinta e dois anos que vi meu<br />
primeiro trabalho impresso. E daquela data longínqua, <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1927<br />
até hoje, é sempre com emoção equivalente que lanço no papel e vejo<br />
correr mundo aquilo que compus, o mais das vezes no atropelo, não da<br />
inspiração, mas das vicissitu<strong>de</strong>s, ainda assim com carinho com as – com<br />
as veras do coração, como se diz. Um suelto, um editorial, uma noticia,<br />
uma reportagem, um artigo, tudo o que consigo elaborar, jamais o fiz <strong>de</strong><br />
maneira lúdica, mas compenetrado da importância da tarefa. Isto não<br />
<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser uma atitu<strong>de</strong> ingênua, sem duvida, mas respon<strong>de</strong> a uma<br />
convicção que me não abandona e constitui uma das componentes <strong>de</strong><br />
minha formação. Um <strong>de</strong> meus maiores contentamentos na vida foi<br />
quando, no Rio, um passageiro <strong>de</strong> bon<strong>de</strong>, ao lado do estreante, lá por<br />
1938, lendo um suelto <strong>de</strong> sua autoria sobre o conflito <strong>de</strong> Letícia ou a paz<br />
do Chaco, exclamou: – “Eis aqui uma verda<strong>de</strong>!” O “ilustre passageiro”<br />
dos anúncios dos bon<strong>de</strong>s cariocas me ensejou uma <strong>de</strong>ssas alegrias que<br />
não há dinheiro que compre. Foi uma efusão espontânea, condicionando<br />
vonta<strong>de</strong> irreprimível <strong>de</strong> manifestar a um <strong>de</strong>sconhecido o que se lhe<br />
Revista Volume LI.p65 185<br />
12/5/2009, 15:29